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Chefe de Polícia diz que laudo de estupro vai contrariar “senso comum”

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O Chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Fernando Veloso, disse que o laudo feito no vídeo sobre o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos vai “contrariar o senso comum”.

A declaração foi dada em entrevista ao jornal “Fantástico”, da TV Globo.

“Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas. Eles já estão antecipando, alinhando algumas conclusões quanto ao emprego de violência, quanto à coleta de espermatozoides, quanto às práticas sexuais que possam ter sido praticadas com ela ou não. Então, o laudo vai trazer algumas respostas que, de certa forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo”, disse Veloso.

A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24).

Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz: “mais de 30 engravidou” [sic].

A menor foi estuprada na madrugada do dia 21 no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio.

Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.

Editoria de Arte/Folhapress
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TROCA DE COMANDO

Neste domingo, a Polícia Civil anunciou que a delegada Cristiana Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), vai assumir o comando da investigação do caso.

A mudança foi feita após pressão da defesa da vítima e do Ministério Público, que pediram o afastamento do delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, responsável pela apuração do crime.

“A medida visa evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho”, diz a nota da Polícia Civil.

Nesta segunda-feira (30), Bento divulgará informações parciais do laudo pericial, adiantou Veloso.

A então advogada da adolescente, Eloísa Samy alegava que Thiers investigava o caso com machismo e misoginia, colocando o estupro como crime menor.

Em entrevista, o delegado disse que investigava “se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram”.

Até agora, a polícia não prendeu nenhum dos envolvidos.

Dois suspeitos deram depoimentos na última sexta (27), mas foram liberados em seguida. Outro foi detido durante uma operação da polícia no sábado (28) e também foi liberado.

Segundo depoimento da vítima, ela encontrou num baile funk na comunidade um rapaz de 19 anos com quem estava “ficando”.

A jovem disse que foi parar numa casa com um rapaz e, a partir daí, só se lembra de ter acordado em outra casa. A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24).

Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”.

Na tarde deste domingo, a então advogada da vítima disse que deixou o caso. A adolescente entrou para o Programa de Proteção a Crianças e Adolescente Ameaçados de Morte.

A jovem e sua família já deixaram a casa onde vivem, na zona oeste do Rio, medida que faz parte do programa. O lugar onde ela passará a viver ficará sob sigilo.

Sua defesa passará a ser feita pela Defensoria Pública.

O Pipoco

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