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Divisões são ameaça à democracia, diz Obama em discurso de despedida

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A dez dias de deixar a Casa Branca, Barack Obama fez nesta terça-feira (10) seu último discurso como presidente dos EUA dizendo que a democracia americana está ameaçada e que, para ela funcionar, é preciso de um senso básico de solidariedade.

“Em um mundo que diminui, com a desigualdade crescente, mudança demográfica e o espectro do terrorismo– estas forças não só testaram nossa segurança e nossa prosperidade, mas nossa democracia também.”

No pronunciamento em Chicago –cidade onde começou sua carreira política–, o mandatário disse que a primeira das ameaças seria a falta de oportunidades econômicas para todos os cidadãos.

“Nossa economia não funciona tão bem ou cresce tão rápido se alguns poucos prosperam às custas de uma classe média que cresce”, disse.

A segunda ameaça seria a divisão racial. “Temos que garantir leis contra a discriminação […]. Mas só leis não serão suficientes, temos que mudar os corações.”

Neste ponto, disse que os EUA pós-raciais nunca foram uma realidade. Pediu às minorias que “unam as suas lutas” e aos americanos brancos que respeitem os ativistas pelos direitos civis.

“É reconhecer que os efeitos da escravidão não desapareceram imediatamente na década de 1960, que as minorias não praticam racismo reverso ou o politicamente correto e que os manifestantes pelo aumento do salário mínimo não querem tratamento especial, mas tratamento igual assim como prometeram nossos fundadores.”

A tendência de se retrair a uma bolha e se cercar de pessoas semelhantes é a terceira ameaça, afirmou Obama. “Não é só desonesta, essa escolha seletiva de fatos; é autodestrutiva.”

Sobre a posse de seu sucessor, o republicano Donald Trump, disse se tratar de uma demonstração da marca da democracia americana: a transferência pacífica de um governo para o outro. “Estou comprometido a fazer uma transição mais suave possível, assim como foi feita comigo e o presidente George W. Bush [em 2009].” Foi o único momento em que ele citou seu sucessor.

LEGADO

Obama defendeu seu legado, como a recuperação econômica, a geração de empregos, a morte de Osama bin Laden, a retomada das relações com Cuba e o acordo nuclear com o Irã “sem nenhum tiro”.

“Se eu tivesse dito tudo isso a vocês, talvez tivessem dito que nossos objetivos eram altos demais, mas foi isto que nós conseguimos.”

Sobre a política externa, disse que o domínio americano nunca será contestado. “Rivais como a Rússia ou a China nunca poderão igualar nossa influência –a não ser se desistirmos do que somos, e nos tornemos um outro grande país que faz bullying com seus vizinhos menores.”

Por fim, emocionou-se ao agradecer à mulher, Michelle, às filhas, Sasha e Malia, e ao vice-presidente Joe Biden, a quem chamou de irmão. Também saudou sua equipe de governo, sem citar nomes.

Obama, no entanto, não fez referência à candidata de seu partido, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, ou à eleição presidencial de 2016. Também não falou sobre qualquer volta à política, apesar de o público ter gritado por “mais quatro anos”.

Folha

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