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EUA suspendem entrada de estrangeiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias

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O governo dos Estados Unidos anunciou neste domingo (24) a suspensão da entrada de estrangeiros que estiveram no Brasil nos 14 dias que antecederam a chegada deles aos EUA como medida para conter o avanço da pandemia de coronavírus.

“O potencial de transmissão não detectada do vírus por indivíduos infectados que tentam entrar nos Estados Unidos oriundos do Brasil ameaçam a segurança do nosso sistema de transporte e infraestrutura e a segurança nacional”, afirma o texto assinado pelo presidente Donald Trump.

O veto, que passa a valer a partir do dia 29 deste mês, deixa de fora cidadãos americanos e estrangeiros com visto de residência permanente, entre outras exceções.

O documento da Casa Branca cita dados da pandemia no Brasil para justificar a medida e uma avaliação do Centro para Prevenção e Controle de Doenças (CDC) de que o país está vivenciando uma ampla transmissão da covid-19.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que as novas restrições ajudarão a garantir que estrangeiros não tragam infecções adicionais para os EUA, mas não se aplicariam ao fluxo de comércio entre os países. “Eu continuo comprometido em facilitar o comércio entre nossas nações”, afirmou Trump

Mais cedo, o conselheiro de segurança nacional, Robert O’Brien, disse ao programa Face the Nation, da rede CBS, que esperava que a medida fosse temporária, “mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano”.

Na semana passada, Trump afirmou a jornalistas que não queria “pessoas vindo para cá e infectando nosso povo”. Medidas do tipo já foram adotadas para viagens de outros locais, como China e União Europeia.

Segundo boletim divulgado neste sábado (23), o Brasil registrou, em 24 horas, 965 mortes e 16.508 novos casos de covid-19. O total de casos desde a chegada do coronavírus ao país é de 347.398 e de mortos, 22.013. São considerados casos recuperados ao menos 142.587.

O Brasil já é o segundo país do mundo com mais infectados, atrás dos EUA, com 1,6 milhão de infectados e mais de 100 mil mortos.

Em nota, o Itamaraty afirmou que “a decisão do governo dos EUA baseou-se em critérios técnicos, que levam em conta uma combinação de fatores tais como os casos totais, tendências de crescimento, volume de viagens, entre outros” e que “a restrição americana tem o mesmo propósito de medida análoga já adotada pelo Brasil em relação a cidadãos de todas as origens, inclusive norte-americanos, e de medidas semelhantes tomadas por ampla gama de países”.

Mas para o secretário de Relações Internacionais de São Paulo, Júlio Serson, “infelizmente, o Brasil caminha para se tornar um dos epicentros da pandemia no mundo, e os EUA estão buscando a proteção de seus cidadãos”.

“Em São Paulo, estamos agindo com a responsabilidade que a situação requer, com respaldo na ciência e na medicina. Salvo em situações excepcionais, nossa recomendação segue sendo, a todos que puderem, fiquem em casa para conter a transmissão do vírus. Toda viagem não essencial deve ser evitada. Estou em contato com as autoridades consulares no Brasil para reduzir os impactos dessa medida sobre os brasileiros que, por motivos profissionais ou familiares, precisam se deslocar para os Estados Unidos, e garantir que os fluxo de comércio seja mantido, conforme garante o comunicado da Casa Branca. Vamos manter contato também com importadores e exportadores de São Paulo, principal porta de entrada e saída de mercadorias do país para os EUA”, disse ele, em nota.

Veto esperado

Poucas horas antes do anúncio pela Casa Branca, o chanceler Ernesto Araújo comemorou, via Twitter, a doação de mil respiradores pelos EUA ao Brasil. Ele afirmou ter tido conversas com representantes americanos neste domingo, mas não mencionou a expectativa do banimento.

Autoridades brasileiras esperavam que essa medida restritiva tivesse sido tomada antes pelo governo americano, dado o agravamento da pandemia no país. O próprio Brasil, diziam, havia adotado restrições ao ingresso de estrangeiros, inclusive americanos.

Trump já fez diversos comentários sobre a pandemia no Brasil, inclusive sobre a possibilidade de barrar brasileiros ou estrangeiros que estiveram no Brasil.

Na prática, a maior parte dos voos entre Brasil e Estados Unidos foi cancelada e o fluxo aéreo entre os dois países caiu em mais de 80% desde março.

A preocupação do presidente americano é que a epidemia no Brasil possa levar ao retorno de um surto nos Estados Unidos, pelo trânsito de pessoas entre os dois países. Uma segunda onda da doença, além de drenar ainda mais os recursos humanos e financeiros dos EUA, que já contam com mais de um milhão de casos e mais de 60 mil mortes, poderia significar o fim da candidatura de Trump à Casa Branca.

A seis meses de concorrer à reeleição, Trump tem tentado justificar os drásticos resultados da recessão (a economia americana encolheu, 4,8% no primeiro trimestre de 2020) pela opção de priorizar a saúde e a vida dos americanos, ao mesmo tempo em que tem pressionado governadores pela reabertura dos comércios nos Estados. Ele teme que a crise, que já resultou em 30 milhões de desempregados, possa custar votos em novembro, quando ocorrerá o pleito.

BBCNews

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