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Hillary testa Trump mais manso no 1º debate da eleição presidencial nos EUA

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O que esperar do primeiro debate entre uma ex-estrela de reality e uma pioneira presidenciável mulher por um grande partido americano?

Fórmulas que vão do “calma lá” à “lenha na fogueira” devem dominar o primeiro de três rounds entre o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, marcado para esta segunda (26), a 43 dias do pleito e com até 10% do eleitorado indeciso.

Para candidatos de perfis tão opostos, é a chance de expor as fraquezas do adversário e neutralizar as próprias.

Fotomontagem
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Montagem com os candidatos Donald Trump (republicano) e Hillary Clinton (democrata)

O desafio de Trump é enterrar a impressão de que ele é volátil demais para a Casa Branca. Ele aparenta estar mais domado desde que mudou o comando de sua campanha, em agosto, a ponto de internautas criarem a campanha #XanaxTrump, alusão ao ansiolítico da droga alprazolam.

Esse será o primeiro grande teste para dosar a mansidão do homem que, no primeiro debate das prévias republicanas, em 2015, reagiu com sarcasmo quando questionado sobre chamar mulheres de “canhão” para baixo: “Só [a apresentadora] Rosie O’Donnell” (na verdade a lista é bem mais longa).

‘GENTE COMO A GENTE’

A meta de Hillary é se mostrar “gente como a gente”, o que estrategistas definem como “alguém com quem o americano médio acha que pode tomar uma cerveja”.

Ela também precisa aparecer bem disposta, após esconder uma pneumonia —o que pôs alimentou teorias da conspiração sobre sua saúde ir de mal a pior e também sobre sua fama de não ser transparente.

O comentarista político Ben Shapiro evoca dois clássicos do cinema para condensar sua expectativa com o debate: “Vai se resumir a ver se Trump evitará ser retratado como um lunático de ‘Um Estranho no Ninho’, e se Hillary consegue não parecer o personagem-título de ‘Um Morto Muito Louco'”.

Para as emissoras, o encontro de 1h30, sem intervalos, poderá bater recordes num país onde debates já são hits de audiência. Em 2012, 67,2 milhões de pessoas assistiram ao primeiro entre Barack Obama e Mitt Romney —o último capítulo da série “Friends” atraiu 1,3 milhão a menos.

Para as campanhas, representa a esperança de uma reviravolta. O peso dessas esgrimas verbais ficou evidente em 1960, quando o vice-presidente Richard Nixon enfrentou um senador de Massachusetts, dito católico demais para a maioria protestante americana. Mas o jovial John F. Kennedy, da noite para o dia, virou coqueluche.

“Nixon tinha a barba por fazer e estava gripado. Ouvintes de rádio o acharam melhor, mas espectadores preferiram Kennedy”, diz à Folha Brian Gaines, da Universidade de Illinois.

Se imagem é tudo, Hillary testa linhas de ataque para deixar a de Trump tão desarrumada quanto o topete dele remexido pelo apresentador Jimmy Fallon.

Chamá-lo de “Donald”, explorar seu apreço por Vladimir Putin e questionar se ele é tão rico quanto se gaba são armas para desestabilizá-lo —Trump diz ter US$ 10 bilhões; a “Forbes” lhe atribui US$ 4,5 bilhões.

Mike Stone/Reuters
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Marco Rubio, Trump e Ted Cruz em debate de pré-candidatos republicanos à Casa Branca em fevereiro

Mas ela terá de se segurar, pondera Carolyn Dudek, da Universidade Hofstra (Nova York), sede do debate.”Infelizmente, quando uma mulher toma uma posição dura, pode ser visto como impróprio para uma senhora. E ela já tem fama de antipática.”

Ataques podem sair pela culatra. Aconteceu quando, nas prévias, rivais emularam a retórica agressiva natural a Trump. O senador Marco Rubio, conhecido pelo equilíbrio, chegou a dizer que o empresário tinha “mãos pequenas”, insinuando correlação com o tamanho de seu pênis.

INSTINTO SELVAGEM

Trump já disse se guiar por seu instinto e acha que despejar dados é perda de tempo, já que palavras-chave —terrorismo, empregos, seu slogan “faça a América ser grandiosa de novo”— são as que perduram na curta memória do eleitor.

Fora da curva política, ele resistiu a um “dublê” para incorporar Hillary em simulados de debate. Não quer parecer roteirizado.

Informalmente, recebe ajuda de Roger Ailes, ex-presidente da Fox News, destronado após acusação de assediar funcionárias. Antes de criar a rede, Ailes ajudou a esculpir o “novo Nixon” —livre do rótulo de “perdedor amargo”, ele virou presidente oito anos após a derrota para JFK.

PESQUISAS

Na média das pesquisas, Hillary tem 41,8%, e Trump, 39,7%. Mas o que conta é ganhar os chamados Estados-pêndulo, sem preferência partidária definida, como Flórida e Ohio, onde ele tem ligeira vantagem.

O debate ganha peso numa eleição na qual o maior trunfo dos candidatos —ambos com taxa de rejeição na casa dos 50%— é ser o “mal menor”. É o que aponta o Centro de Pesquisa Pew. Entre defensores de Hillary, 32% justificam o voto assim: “Ela não é Trump”. Já o desgosto pela democrata mobiliza 33% dos eleitores dele.

O Pipoco

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