Política

Indignado com nome em lista, Romero Rodrigues autoriza abertura de sigilos

24-03-2016.094109_1-300x169 Indignado com nome em lista, Romero Rodrigues autoriza abertura de sigilos

Documentos apreendidos na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, mostram que o ex-senador Cícero Lucena (PSDB) teria recebido R$ 500 mil, enquanto que o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (também do PSDB), teria recebido R$ 300 mil para gastos de campanha. O outro citado é Cássio Cunha Lima, Líder do PSDB no Senado.

As supostas doações não constam na prestação de contas de nenhum deles remetida ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As listas foram encontradas pela Polícia Federal em poder de Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura e conhecido no mundo empresarial como “BJ”, conforme notícia disponibilizada no blog de Fernando Rodrigues.

Os executivos da Odebrecht negociam delação premiada com o Ministério Público Federal do Paraná. O presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, continua preso em Curitiba e foi condenado a uma pena de 19 anos.

Os documentos foram liberados com autorização do juiz Sérgio Moro e as investigações apontam suposto caixa 2 de campanha com dinheiro que teria sido desviado da Petrobras. Além de petistas como o senador Humberto Costa (PE), a lista conta com a participação de outros governistas como Romero Jucá (PMDB-RR) e ícones do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O prefeito Romero Rodrigues (PSDB) informou através de redes sociais que vai colocar à disposição da Justiça os seus sigilos fiscal e telefônico e desafia qualquer um a provar que tenha recebido dinheiro da Odebrecht para a campanha. Ele classificou a informação de “indigna e surreal”.

Já o ex-senador Cícero Lucena explicou ter consultado o tesoureiro da campanha de 2012 e este não lembra de repasse da Odebrecht. Reforça que não foi candidato em 2014.

“Não sei por que a Odebrecht faria doação para a minha campanha. Eu não sou governista, não apresentei nenhuma emenda para obras da construtora, não participei de CPI. Agora, recebi muitas doações em 2012 vindas do partido. Se houve doação ao partido, ele responda”, disse o ex-senador tucano.

Cícero arrecadou R$ 3 milhões na campanha de 2012; Romero Rodrigues conseguiu R$ 4 milhões.A negativa de tucanos sobre a inexistência de doações oficiais em seus nomes, por parte da empreiteira Odebrecht, pode apontar um esquema de “Caixa 2”.

O choque de informações é um alerta. Na lista das doações oficiais recebidas pela dupla e entregue à Justiça Eleitoral, a Construtora Odebrecht não é citada como fonte doadora da campanha deles. Mas, na lista divulgada hoje pela Polícia Federal, a menção ao nome dos paraibanos causa estranheza.

Romero teve expressamente o nome citado como beneficiário de uma quantia de R$ 300 mil no ano de 2014. Já a menção ao nome do senador Cássio na lista, apareceu na planilha na parte de “aliados históricos”.

As iniciais do nome de Cássio Cunha Lima (CCL) aparecem seguidas da sigla do Estado da Paraíba (PB). No documento, todos os que são apontados como “aliados históricos” teriam sido favorecidos com a bagatela de R$ 500 mil da Odebrecht.

Apesar de a Odebrecht não estar entre as fontes oficiais de doação da campanha do senador tucano, Cássio declarou à Justiça Eleitoral, no entanto, que recebeu doações das empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez, todas também denunciadas na operação Lava Jato pelo doleiro Alberto Yousseff, acusado de ser o operador do esquema que pagava propina a políticos e a partidos políticos.

Nas doações oficiais, o senador paraibano tucano recebeu R$ 500 mil da Queiroz Galvao; R$ 300 mil da OAS e R$ 200 mil da Andrade Gutierres, totalizando R$ 1 milhão.

As investigações apontam que as planilhas, divulgadas pela Polícia Federal, são riquíssimas em detalhes – embora os nomes dos políticos e os valores relacionados ainda não devam ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira para os citados.

São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.

Leia mais no A Palavra.

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