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Número de mortos devido a protestos no Chile chega a 15

Presidente Sebastián Piñera se reúne com líderes de partidos para buscar saída para crise

chile-585x390 Número de mortos devido a protestos no Chile chega a 15O número de mortos nos protestos violentos que se espalharam pelo Chile subiu para 15, quatro a mais do que no balanço oficial anterior, anunciou nesta terça-feira (22) o governo do país.

De acordo com o subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla, em entrevista coletiva, 11 das mortes ocorreram na região metropolitana e estão associadas a incêndios e saques, “principalmente de centros comerciais”.

Outras três pessoas, ainda segundo o subsecretário, morreram em incidentes fora da capital, vítimas de tiros. Segundo o jornal chileno El Mercurio, Julio Contardo, promotor regional de Maule, confirmou a detenção de um militar após a morte de um jovem baleado em Curicó durante uma manifestação.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, tentará nesta terça buscar uma saída para o surto social que convulsiona o Chile há cinco dias, reunindo-se com líderes dos partidos do governo e da oposição em uma momento em que a crise ameaça se intensificar com greves e novas mobilizações.

Tomado pela pior onda de violência no país desde o retorno à democracia, em 1990, o presidente mudou o tom de suas declarações após dizer que o Chile estava “em guerra”.

Embora os protestos tenham explodido na sexta devido à alta do preço das passagens do metrô da capital chilena —medida que o governo já suspendeu—, os atos se transformaram em um movimento muito maior, que incluem outras demandas sociais.

As manifestações provocaram confrontos com as forças de segurança, saques e incêndios em estabelecimentos comerciais, deixando, além dos 15 mortos, 2.643 pessoas detidas e 84 feridos por arma de fogo, de acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos.

Santiago e a maioria das 16 regiões do país estão sob estado de emergência, e 20 mil militares e policiais foram destacados para conter os atos violentos que ainda podem recrudescer, uma vez que a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), o sindicato mais poderoso do Chile, e outras 18 organizações sociais convocaram greves e mobilizações para quarta e quinta-feira.

Com transporte público limitado, comércio e bancos funcionando parcialmente e protestos colapsando nas ruas, os chilenos saíram para trabalhar nesta terça enfrentando, outra vez, grandes filas.

Assim como no dia anterior, o metrô de Santiago, que recebe cerca de 2,4 milhões de passageiros por dia, funciona apenas com uma de suas sete linhas e junto com 4.300 ônibus públicos, que se complementam com serviços de táxi para satisfazer a demanda.

As aulas estão suspensas em cerca de 50 comunidades da capital chilena, enquanto uma dezena de universidades cancelaram suas atividades acadêmicas. Hospitais e ambulatórios funcionam normalmente.

A companhia aérea chileno-brasileira Latam, a maior da América Latina, instalou dezenas de espreguiçadeiras no aeroporto de Santiago para os passageiros que se encontram sem condições de viajar desde início das manifestações devido ao cancelamento ou reprogramação de centenas de voos.

Na madrugada desta terça-feira, terceira noite com toque de recolher em Santiago e outras regiões do país, porém, a onda de violência, ainda que não tenha acabado, perdeu intensidade.

Em uma ronda realizada pela agência de notícias AFP foi possível observar Santiago deserta, apenas com veículos militares patrulhando as avenidas e o trânsito de viaturas policiais.

Soldados revistavam os passageiros dos poucos automóveis que circulavam com salvo-condutos autorizados pelas autoridades a emergências e casos especiais.

Durante a noite, no entanto, foram registrados incêndios e saques a lojas, além de manifestações isoladas, dispersadas pelas forças de segurança.

Grupos de vizinhos vestidos com coletes amarelos, como os que ficaram famosos durante os protestos contra o governo francês, voltaram a organizar rondas de vigilância armados com paus, picaretas e pás para evitar saques em suas casas e pequenos comércios.


ENTENDA AS RAZÕES POR TRÁS DA CRISE NO CHILE

​Aumento da tarifa 

Desde a semana passada, os transportes públicos de Santiago são alvo de vandalismo por causa do aumento de 3,75% das tarifas —os protestos se intensificaram na sexta (18). O governou justificou o reajuste alegando alta do preço do dólar e a necessidade de realizar obras de melhoria no sistema.

Elevado custo de vida 
Não são só os transportes que ficaram mais caros. Na última década, o preço para alugar e comprar imóveis aumentou cerca de 150% —a alta foi sentida principalmente nos grandes centros urbanos. Neste ano, as tarifas de luz tiveram alta de 10,5% em maio e 8% em julho —a valorização do dólar foi novamente citada pelo governo como justificativa.

Educação e saúde precárias 
O Chile não possui um sistema de saúde público, e os preços dos remédios são altos para a maioria da população. Desde 2011, movimentos estudantis protestam por educação universitária gratuita. Após profundas reformas, o sistema estatal de aposentadoria paga pensões menores que o salário mínimo.

Corrupção 
As forças de segurança que reprimem os protestos estão no centro de escândalos revelados nos últimos anos. Membros da alta cúpula do Exército chileno são acusados de se apropriar de quase US$ 7 milhões, que teriam sido gastos em regalias como viagens e presentes a familiares. Mais de cem policiais são investigados por desviar cerca de US$ 38 milhões da corporação.

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