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Veja a íntegra do discurso de posse de Joe Biden como presidente dos EUA

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Joe Biden tomou posse como 46º presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (20).

Leia abaixo a íntegra de seu primeiro discurso no cargo, proferido na cerimônia que marcou o início de seu mandato.

Discurso

“Chefe de Justiça [John] Roberts, vice-presidente [Kamala] Harris, presidente da Câmara [Nancy] Pelosi, líder [Chuck} Schumer, líder [Mitch] McConnell, vice-presidente [Mike] Pence e meus distintos convidados, meus compatriotas americanos,
Este é o dia da América. Este é o dia da democracia. Um dia de história e esperança. De renovação e determinação. Passando por um calvário não visto há séculos, a América foi posta à prova mais uma vez. E a América se ergueu para enfrentar o desafio.
Hoje festejamos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia. A vontade do povo foi ouvida, o povo foi ouvido, e a vontade do povo foi atendida.
Aprendemos novamente que a democracia é precisa. A democracia é frágil. E nesta hora, meus amigos, a democracia prevaleceu.
Assim, agora, neste solo sagrado, onde poucos dias atrás a violência procurou abalar as próprias bases do Capitólio, nós nos reunimos como uma só nação sob Deus, indivisível, para realizar a transferência pacífica do poder, como temos feito há mais de dois séculos.
Olhando para o que vem pela frente à nossa maneira singularmente americana –irrequieta, ousada, otimista–, e voltada à nação, sabemos que podemos ser e precisamos ser.
Agradeço aos meus predecessores de ambos os partidos por sua presença aqui hoje. Eu os agradeço do fundo do coração. Vocês conhecem a resiliência de nossa Constituição e a força de nossa nação.
Assim como as conhecem o presidente [Jimmy] Carter, com quem falei ontem à noite, que não pode estar aqui conosco hoje, mas a quem saudamos por sua vida inteira de serviços prestados.
Acabo de prestar o juramento sagrado prestado por cada um destes patriotas -um juramento prestado pela primeira vez por George Washington.
Mas a história americana depende não de qualquer um de nós, não de alguns de nós, mas de todos nós.
Depende de “nós, o povo”, que buscamos uma união mais perfeita.
Esta é uma grande nação. Somos um povo bom. Ao longo dos séculos, entre tempestades e conflitos, na paz e na guerra, já avançamos tanto, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.
Vamos avançar com presteza e urgência, pois temos muito a fazer neste inverno de perigo e de possibilidades significativas. Muito a reparar. Muito a restaurar. Muito a curar. Muito a construir. E muito a ganhar.
Poucos períodos na história de nossa nação foram tão árduos ou desafiadores quando aquele que vivemos hoje. Um vírus do tipo que só aparece uma vez a cada século assola silenciosamente o país.
Em um ano, já ceifou tantas vidas quanto as que a América perdeu em toda a Segunda Guerra Mundial. Milhões de empregos foram perdidos. Centenas de milhares de empresas foram fechadas.
Um grito por justiça racial que vem se formando já 400 anos nos impele. O sonho da justiça para todos não pode mais ser adiado.
Um grito por sobrevivência vem do próprio planeta. Um grito que não poderia ser mais desesperado ou mais claro.
E agora, a ascensão do extremismo político, da supremacia branca, do terrorismo doméstico que temos que confrontar e que vamos derrotar.
Superar esses desafios, restaurar a alma e assegurar o futuro da América, requer muito mais do que palavras. Requer a coisa mais esquiva de todas em uma democracia: a união. A união.
Em outro janeiro em Washington, no Dia do Ano Novo de 1863, Abraham Lincoln assinou a Proclamação de Emancipação. Quando levou a caneta ao papel, o presidente disse: “Se porventura meu nome ficar gravado na história, será por este ato, e minha alma inteira está investida nele”.
“Minha alma inteira está investida nele.”
Hoje, neste dia de janeiro, minha alma inteira está investida nisto: Unificar a América. Unir nosso povo. E unir nossa nação. Peço a cada americano que se una a mim nesta causa.
Unindo-nos para combater os males comuns que enfrentamos: A raiva, o ressentimento e o ódio. O extremismo, o desrespeito às leis, a violência. A doença, o desemprego e a desesperança.
Com união, podemos realizar grandes coisas, coisas importantes. Podemos corrigir erros. Podemos colocar as pessoas para trabalhar em bons empregos. Podemos ensinar nossas crianças em escolas seguras. Podemos derrotar este vírus mortal. Podemos recompensar o trabalho, reconstruir a classe média e assegurar o acesso à saúde para todos. Podemos oferecer justiça racial. Podemos mais uma vez fazer da América a maior força pelo bem no mundo.
Sei que, para alguns, falar de união pode soar como uma fantasia tola hoje em dia. Sei que as forças que nos dividem são profundas e são reais. Mas sei também que não são novas.
Nossa história tem sido uma luta constante entre o ideal americano de que somos todos criados iguais e a realidade brutal e áspera de que o racismo, o nativismo, o medo e a demonização nos dividem há muito tempo. A batalha é perene. A vitória nunca está garantida.
Ao longo da Guerra Civil, da Grande Depressão, da Segunda Guerra Mundial, do 11 de setembro, ao longo de lutas, sacrifícios e reveses, nossos “bons anjos” sempre prevaleceram. Em cada um desses momentos, suficientes de nós nos unimos para carregar a todos para frente. E podemos fazer o mesmo agora. A história, a fé e a razão nos indicam o caminho, o caminho da união.
Podemos enxergar uns aos outros não como adversários, mas como vizinhos. Podemos tratar uns aos outros com dignidade e respeito. Podemos unir nossas forças, pôr fim à gritaria e acalmar os ânimos. Pois sem união, não há paz, apenas amargura e fúria. Não há progresso, apenas revolta exaustiva. Não há nação, apenas um estado de caos.
Este é nosso momento histórico de crise e desafio, e a união é o caminho para avançarmos. E precisamos enfrentar este momento como os Estados Unidos da América.
Se fizermos isso, garanto a vocês que não falharemos. Nunca, jamais fracassamos na América quando agimos juntos. Assim, hoje, neste momento e neste lugar, recomecemos. Todos. Ouçamos uns aos outros. Vamos ouvir uns aos outros. Enxergar uns ao outros. Mostrar respeito uns pelos outros.
A política não precisa ser um incêndio devastador que destrói tudo em seu caminho. Cada discordância não precisa ser motivo para uma guerra total. E precisamos rejeitar uma cultura em que os próprios fatos são manipulados e até mesmo fabricados.
Meus compatriotas americanos, precisamos ser diferentes disso. A América precisa ser melhor que isso. E acredito que a América é, sim, melhor que isso.
Olhem à sua volta. Aqui estamos, à sombra de uma cúpula do Capitólio que foi terminada em meio à Guerra Civil, quando a própria União estava por um fio. No entanto, persistimos e prevalecemos. Estamos olhando para o grande [National] Mall onde o Dr. [Martin Luther] King falou de seu sonho.
Aqui estamos, onde 108 anos atrás, em outro momento inaugural, milhares de manifestantes tentaram impedir mulheres corajosas de sair em passeata pelo direito ao voto.
Hoje marcamos a posse da primeira mulher na história americana a ser eleita para um cargo de liderança nacional -a vice-presidente Kamala Harris. Não venham me dizer que as coisas não podem mudar.
Aqui estamos, tendo do outro lado do rio Potomac o Cemitério Nacional de Arlington, ondem descansam na paz eterna os heróis que deram a devoção máxima à nação.
E aqui estamos, dias apenas depois de uma turba amotinada pensar que poderia usar a violência para silenciar a vontade do povo, interromper o trabalho de nossa democracia e expulsar-nos deste solo sagrado. Isso não acontece. Nunca vai acontecer. Não hoje. Não amanhã. Jamais.
A todos aqueles que apoiaram nossa campanha, sinto-me humilde ao ver a fé que vocês depositaram em nós. A todos aqueles que não nos apoiaram, permitam-me dizer o seguinte: me ouçam enquanto seguimos adiante. Me avaliem, avaliem o que está em meu coração.
E se ainda assim discordarem, que assim seja. Essa é a democracia. É a América. O direito de discordar pacificamente, dentro das salvaguardas de nossa República, é possivelmente a maior força de nossa nação. Mas me ouçam claramente: divergências não devem levar à desunião.
E prometo a vocês o seguinte: sei um presidente de todos os americanos. Vou lutar tão arduamente por aqueles que não me apoiaram quanto por aqueles que me apoiaram.
Muitos séculos atrás, Santo Agostinho, um santo de minha igreja, escreveu que um povo é uma multidão definida pelos objetos comuns de seu amor. Quais são os objetos comuns de amor que nos definem como americanos? Creio que sei. Oportunidade. Segurança. Liberdade. Dignidade. Respeito. Honra. E, sim, a verdade.
As semanas e os meses recentes nos ensinaram uma lição dolorosa. Existe a verdade e existem mentiras. Mentiras contadas em nome do poder e do lucro. E cada um de nós tem o dever e a responsabilidade, como cidadãos, como americanos e especialmente como líderes -líderes que juraram honrar nossa Constituição e proteger nossa nação–de defender a verdade e derrotar as mentiras.
Compreendo que muitos americanos encaram o futuro com algum medo e perturbação. Compreendo que eles se preocupam com seus empregos, em cuidar de suas famílias, com o que vai acontecer. Entendo isso.
Mas a resposta não está em voltar-se para dentro, em recuar e formar facções concorrentes, desconfiar daqueles que não se parecem com você, que não oram como você ou que não recebem suas notícias das mesmas fontes que você.
Precisamos pôr fim a esta guerra incivil que opõe o vermelho ao azul, o rural ao urbano, o conservador ao liberal. Podemos fazer isso se abrirmos nossas almas, em lugar de endurecer nossos corações. Se mostrarmos um pouquinho de tolerância e humildade. Se nos dispusermos a nos colocar na pele da outra pessoa apenas por um momento.
Porque a verdade sobre a vida é seguinte: não há como saber que sorte o destino nos reserva. Há dias em que precisamos de uma mãozinha. Há dias em que somos chamados a dar uma mão o outro. É assim que devemos ser uns com os outros. E, se formos assim, nosso país será mais forte, mais próspero, estará mais preparado para o futuro.
Meus compatriotas americanos, vamos precisar uns dos outros para o trabalho que temos pela frente. Precisaremos de toda nossa força para perseverar neste inverno escuro. Estamos ingressando no que pode muito bem ser o período mais sofrido e letal do vírus. Precisamos deixar a política de lado e finalmente encarar esta pandemia como uma só nação.
Prometo a vocês o seguinte: como diz a Bíblia, o choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria chega pela manhã. Vamos passar por isto juntos.
O mundo está de olho em nós. Então esta é minha mensagem àqueles que estão além de nossas fronteiras: a América foi posta à prova. Saímos disso mais fortes. Vamos reparar nossas alianças e voltar a nos engajar com o mundo. Não para fazer frente aos desafios de ontem, mas aos de hoje e de amanhã.
Vamos liderar não apenas com o exemplo de nosso poder, mas com o poder de nosso exemplo. Seremos um parceiro forte e confiável para a paz, o progresso e a segurança. Já passamos por tantas coisas nesta nação.
Em meu primeiro ato como presidente, quero pedir que vocês se unam a mim em um momento de oração silenciosa para lembrar todos aqueles que perdemos para a pandemia neste último ano. Aqueles 400 mil concidadãos americanos -mães e pais, maridos e mulheres, filhos e filhas, amigos, vizinhos e colegas de trabalho.
Vamos honrá-los tornando-nos o povo e a nação que sabemos que podemos e devemos ser. Façamos uma oração silenciosa para aqueles que perderam a vida, para os que eles deixaram atrás e para nosso país.
Amém.
Este é um momento de sermos postos à prova. Enfrentamos um ataque à democracia e à verdade. Um vírus que corre solto. Desigualdade crescente. A praga do racismo sistêmico. Um clima em crise. O papel da América no mundo. Qualquer dessas coisas por si só já seria o suficiente para nos desafiar de maneiras profundas. Mas o fato é que enfrentamos todas ao mesmo tempo, impondo as responsabilidades mais graves a esta nação.
Agora é hora de encararmos essas responsabilidades. Todos nós. É hora de ousadia, pois há tanto a fazer. E uma coisa é certa: seremos julgados, eu e você, pelo modo como resolvermos as crises de nossa era. Vamos nos mostrar à altura da ocasião? Vamos prevalecer nesta hora rara e difícil? Vamos cumprir nossas obrigações e transmitir aos nossos filhos um mundo novo e melhor?
Acredito que precisamos fazê-lo e que vamos fazê-lo. E, quando o fizermos, escreveremos o próximo capítulo da história americana. É uma história que pode soar como algo saído de uma canção que significa muito para mim.
Ela se chama “American Anthem” (Hino Americano), e há um verso que se destaca, para mim: “O trabalho e as orações / de séculos nos conduziram a este dia/ Qual será nosso legado? / O que dirão nossos filhos? … / Deixe-me saber em meu coração / Quando meus dias tiverem chegado ao fim / América / América / Dei o que eu tinha de melhor a ti.”
Acrescentemos nosso próprio trabalho e nossas próprias orações à história de nossa nação, ainda em curso. Se fizermos isso, quando nossos dias chegarem ao fim, nossos filhos e os filhos de nossos filhos dirão, a nosso respeito, “eles deram o melhor de si”. Eles cumpriram seu dever. Eles curaram uma nação fraturada.
Meus concidadãos americanos, encerro hoje como comecei, com um juramento sagrado. Perante Deus e perante todos vocês, eu lhes dou minha palavra. Sempre falarei a verdade a vocês. Defenderei a Constituição. Defenderei nossa democracia. Defenderei a América. Darei tudo que tenho em serviço de vocês, pensando não no poder, mas nas possibilidades. Não no interesse pessoal, mas no bem público.
E juntos escreveremos uma história americana de esperança, não de medo. De união, não de divisão. De luz, não de trevas. Uma história americana de decência e dignidade. De amor e de cura. De grandeza e de bondade. Que seja esta a história que nos guia.
A história que nos inspira. A história que diz aos tempos ainda por vir que nós atendemos ao chamado da história. Fizemos frente ao momento.
Que a democracia e a esperança, a verdade e a justiça, não morreram no nosso turno, mas se fortaleceram. Que nossa América protegeu a liberdade em casa e voltou a posicionar-se como farol do mundo. É isso que devemos aos nossos antepassados, que devemos uns aos outros e às gerações que estão por vir.
Assim, com propósito e determinação, nos voltamos às tarefas de nosso tempo. Sustentados pela fé. Motivados pela convicção. E dedicados uns aos outros e a este país que amamos de todo o coração. Que Deus abençoe a América e que Deus proteja nossas tropas. Obrigado, América.”

FOLHAPRESS

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