Depoimentos denunciam padres por pedofilia e sexo dentro de igreja na PB
O depoente ainda afirmou que fez a denúncia sobre o padre pessoalmente ao então arcebispo da Paraíba, hoje emérito, dom Aldo Di Cillo Pagotto. “Que o depoente narrou tudo para o arcebispo e este, chorando, afirmou que o depoente deveria entender a situação dele como pastor, mas que tentaria resolver; que foi afirmado que tentaria, inclusive, uma ajuda ou tratamento para o Padre; que o encontro com o arcebispo ocorreu há sete anos e nenhuma providência prática foi tomada; […] que a única coisa que aconteceu com [o padre] foi ganhar novas paróquias”, diz o depoimento.
O advogado de Dom Aldo, Sheyner Asfora, disse ao G1 que o arcebispo emérito não responde a nenhum processo e desconhece tudo que foi colhido até hoje pelo MPT. “Uma investigação que devia estar sob o mais absoluto sigilo e nós somos surpreendidos por esse vazamento, que nem se sabe a origem, se são verdadeiros ou não”, disse.
De acordo com Asfora, não está sendo respeitada a presunção de inocência. “Se ele for responder a uma ação penal, que assim o faça e que, durante o processo, teremos direito à ampla defesa, ao contraditório e a um juiz imparcial para avaliar tudo isso que ainda vai ser apurado”, pontuou.
Outros padres
Os depoimentos aos quais o G1 teve acesso trazem relatos de pedofilia envolvendo mais quatro padres. Em dois casos, o depoente ressalta que as vítimas, todas menores de idade, eram pobres. Há relatos de meninos sendo levados à casa paroquial ou à própria casa do padre e conquistados com presentes.
Mudança na investigação
O procurador-geral da República em exercício, José Bonifácio de Andrade, decidiu liminarmente transferir as investigações de exploração sexual de crianças e adolescentes por membros da Igreja Católica na Paraíba do MPT para o Ministério Público da Paraíba (MPPB). Segundo ele, as denúncias têm repercussão criminal, que é uma atribuição do Ministério Público estadual, e não indicam que a exploração sexual de menores tiveram fins comerciais.
O MPT-PB confirmou que a investigação foi suspensa temporariamente, mas afirmou que vai tomar as medidas cabíveis para que o poder investigatório do MPT seja restaurado e o procedimento retome o seu curso.
“O procedimento [no MPT] ainda se encontra sigiloso, somente tendo acesso às peças os advogados devidamente habilitados nos autos, para o regular exercício do direito de defesa dos seus constituintes”, diz em nota o Ministério Público do Trabalho.