Conserto nas barragens de Poções, em Monteiro, e Camalaú podem interromper transposição
Na última semana o governo do Estado, através da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos, anunciou o fim do racionamento em Campina Grande e mais 18 cidades para o dia 26 de agosto.
A decisão pegou a população de surpresa, já que muitos consideram a decisão precoce diante do ainda pequeno volume de água armazenada no açude Epitácio Pessoa (Boqueirão).
Para vereadores da oposição em Campina Grande, a medida do Estado é equivocada e tem caráter político.
Comungando com a mesma crítica, o vereador Alexandre do Sindicato, que estava em Brasília com uma comitiva de parlamentares de Campina Grande no momento do anúncio, disse que foi solicitada uma audiência pública com o presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), ocasião em que foi revelado que a transposição poderá passar por um período de quatro a seis meses sem bombear água para a Paraíba, devido a um conserto dos paredões das barragens de Poções, em Monteiro, e Camalaú, na cidade de mesmo nome.
A intervenção em questão, segundo o parlamentar, será feita pelo Dnocs e ANA.
De acordo com Alexandre, se isto ocorrer e o racionamento realmente for finalizado, a situação da população ficará pior, pois o açude Epitácio Pessoa não receberá recarga, a não ser das chuvas, e terá perdas com a evaporação e o consumo.
Ainda segundo o vereador, a interrupção do bombeamento das águas da transposição terá que ser feita ainda no ano em curso, pois a ANA teme que, caso ocorra grande quantidade de chuvas no início do próximo ano, as barragens possam se romper.
– A determinação da ANA diz que a água deverá ser suspensa por quatro meses, mas se houver algum percalço poderá ser em até seis, para conserto dos paredões das barragens que tiveram que ser rebaixados para o fluxo da água do São Francisco chegar mais rápido a Boqueirão. A altura dos paredões terá que ser refeita, pois se chover muito no início do próximo ano, as barragens podem se romper. A obra deveria ter sido feita pelo governo do Estado em 2015 e no momento em que a água do São Francisco chegou foi feito apenas um paliativo. O governo do Estado já sabe da determinação da ANA e Dnocs – afirmou.
Alexandre ainda disse que em 2015, o Estado deveria ter feito a obra nas barragens e não o fez, mesmo tendo recursos. Além disso, não realizou limpeza no leito do rio Paraíba, o que dificultou ainda mais a chegada das águas do São Francisco ao Epitácio Pessoa.
No próximo dia 22 de agosto, será realizada na Câmara Municipal de Campina Grande uma audiência pública com representantes da ANA, técnicos da UFCG, Ministério Público da Paraíba, Cagepa, Aesa, entre outros órgãos, para discutir a real viabilidade do fim do racionamento com este novo agravante.
Alexandre do Sindicato diz esperar pela sensibilidade do governo estadual. Segundo ele, caso isto não ocorra, serão tomadas medidas judiciais, respaldadas no anseio popular e na documentação da ANA.