Río Secreto guia passeio por cavernas subterrâneas na mexicana Riviera Maya
Uma perseguição a uma iguana levou um proprietário de terra, Cleofás Pool, a descobrir uma pequena entrada que escondia uma das mais belas paisagens do México: um rio subterrâneo, cercado por estalactites e estalagmites, típicas formações calcárias existentes em grutas, que dão um ar misterioso e antigo a uma caverna formada há milhares de anos.
Com águas cristalinas, o curso d’água foi chamado de Río Secreto e hoje fica em uma reserva natural situada entre Felipe Carrillo Puerto e Playa del Carmen, segundo maior balneário de Quintana Roo, na Riviera Maya. Descoberto em 2006, o local foi liberado para as primeiras visitas só em 2008.
Paredes e formações são como uma biblioteca, onde percorrem-se labirintos —caminhando e flutuando— e aprecia-se um “museu” de cristal, cujas formações contam a história geológica da região.
Para manter em dia a preservação dessa beleza, os visitantes não podem usar nenhum produto na pele, como cremes ou protetor solar, para não deixar resíduos na água, que é gelada e potável. Por conter bicarbonato de cálcio, uma areia áspera se forma no fundo do rio.
A tática para não sentir muito frio é vestir roupas de neoprene e tênis para caminhar. Como é proibido tocar nas paredes da caverna, a reserva disponibiliza bastões para que as pessoas consigam manter o equilíbrio na caminhada.
Antes de andar por alguns metros na mata até a entrada de uma das galerias do Río Secreto, os instrutores fazem uma cerimônia maia para pedir permissão e proteção. Até agora, os pesquisadores já mapearam cerca de 30 km e 15 saídas naturais, sendo que apenas 10% delas são destinadas ao turismo.
O primeiro obstáculo é uma descida escorregadia e cheia de pedras. Com as lanternas ligadas e o bastão firme, o passeio começa com passos lentos para tatear bem o solo irregular na medida em que a água azul-esverdeada começa a subir pelo corpo.
Em alguns trechos do passeio, é preciso boiar para atravessar os pontos mais profundos, que não chegam a dois metros. Em outros, é preciso se contorcer para não bater a cabeça e desviar das estalactites e estalagmites.
A maior parte do trajeto é imerso na água fria, conduzido pela luz fraca das lanternas e pela companhia de minúsculos peixes e de alguns morcegos que resolvem sair para comer frutinhas. Na parte final da trilha, em uma galeria com quase 20 metros de altura, é possível ver as raízes descendo pelo teto para bebericar a água do Río Secreto.
É nesse ambiente que os equipamentos são desligados -e todos ficam imóveis na escuridão. As batidas do coração se tornam mais lentas, o vento frio sopra pequenos ruídos, e o transe e a conexão com a natureza se traduzem em plena serenidade. Essa relação só é rompida quando o instrutor reacende a luz. E nos transporta novamente para a realidade.
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Dica de verão
Para os mais aventureiros, vale visitar os parques da Península de Yucatán, que têm atividades como arvorismo, tirolesa, quadriciclos e visitas a cenotes (olhos de água em cavernas)
FOLHA