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OS ÓCULOS DE ANTÔNIO GURI por Nal Nunes

nal-nunes-300x300 OS ÓCULOS DE ANTÔNIO GURI por Nal NunesO Deputado Nilo Feitosa foi deputado até o dia que quis. Sem nunca perder uma eleição para deputado estadual, o filho do saudoso Dr. João Feitosa, que também era grande e conceituado chefe político do Cariri Paraibano tinha em Monteiro um monte de assessor. Pois bem, o deputado Nilo costumava ter um magote de gente ao seu redor, como sempre acontece com todo político em evidência. Um deles, dos mais fieis dos escudeiros atendia pelo nome de ANTÔNIO GURI.

Naquele tempo os políticos não tinha o hábito de roubar feito hoje. Eles gostavam de agradar seus eleitores, diga de passagem, com o consentimento da Lei, com tudo o que era de primeira necessidade. E aí os objetos mais requisitados pelos eleitores eram: Chapa de dente, óculos de grau, o famoso saco de cimento, corte de pano…etc. Até uma jumenta boa de carroça era pedido pelos eleitores e quase sempre atendido.
Antônio Guri queria por que queria trocar de óculos, o dele já fazia mais de trinta anos de uso e certa vez pediu ao Deputado Nilo para trazer de João Pessoa um novo espicinês.

Passado mais ou menos uns quinze dias o Deputado Nilo Feitosa trouxe um saco de óculos de grau, desses sacos grandes, de estopa, para distribuir com os carentes da vista.
-Pronto Antônio Guri, seus óculos estão aí, peça ao Galego prá pegar o seu, pronunciou o Deputado Nilo.
-Feliz da vida Antônio guri disse: graças a Deus e o senhor deputado, eu hoje vou inaugurar meus óculos novo.
Antônio Guri botou o bicho na cara e saiu dando pinote de todo tamanho. Era cada pisada de metro e meio de comprimento, pois o Galego havia dado um óculos com um grau dez mais que o merecido, certamente por engano.
Antônio Guri disse: Deputado, hoje eu cá molesta vendo tudo, agora tô vendo até alfinete no chão. E sabe duma coisa, eu num vou trabalhar hoje não. Eu vou no Bar de Adjar pro mode tomar umas bicadas prá comemorar meus óculos novo.

E partiu em direção ao Bar de Adjar, próximo uns cem metros da casa do deputado na Praça João Pessoa em Monteiro. Ao atravessar a rua, no canteiro central que tem o meio fio de mais ou menos de 20 centímetros, Antônio Guri levantou a perna bem alto como se fosse pular uma cerca de faxina daqueles de dois metros de altura.
Chegando no Bar de Adjar, Antônio Guri satisfeito, óculos novo, disse: Adjar, bota cana prá todo mundo que hoje quem paga sou eu.

-Adjar do Bar disse: Tá certo Antônio Guri, aguarde só mais um pouco que o bode tá no fogo, sai já, mas eu vou botar a cana e vou arrumar um tira-gosto improvisado enquanto sai o bode. Sem dizer o que era, colocou na mesa uma prato de umbú. 

Antônio Guri alfinetou na hora: Oxente! Tá bom demais Adjar. Eu gosto demais de coco verde e é bom com cana. Agora me faça um favor?
Traga pelo menos um facão que é pro mode eu descascar esse coco!!!!!!!

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