O Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba constatou em vistoria que as obras prometidas para os açudes de Poções e Camalaú ainda não começaram. Por causa dessas obras, anunciadas em 2 de abril deste ano e que deveriam durar quatro meses, o bombeamento de água do eixo leste da transposição do São Francisco para o açude de Boqueirão está suspenso.
O prazo de quatro meses foi estabelecido pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), durante reunião realizada no MPF em João Pessoa no último dia 16 de março.
Segundo o MPF, o nível elevado do açude de Camalaú e o consequente alagamento da região da tomada d’água dificulta o cumprimento do prazo de quatro meses, também estabelecido para aquele manancial. Parte da vistoria foi acompanhada por analistas ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Após reunião do Comitê de Gestão da Crise Hídrica do Ministério Público da Paraíba, foi procedida a reabertura da descarga de fundo de Camalaú, no sentido de descomprometer a ensecadeira (dispositivo utilizado para contenção temporária da ação das águas em superfícies escavadas) e, por consequência, o andamento da obra. A iniciativa do MPPB também foi decisiva para liberação da descarga de fundo de Poções.
De acordo com a Engenharia do MPF, a abertura das descargas de fundo dos dois açudes não deve ser encarada como um desperdício de água. “Boa parte da água que sairá pela descarga de fundo de Camalaú poderá ser captada pelo poço amazonas que serve para abastecer o sistema adutor do Congo, o qual fica localizado no leito do rio Paraíba”, destaca.
O diretor do Dnocs na Paraíba, Alberto Gomes, disse ao Portal nesta quarta-feira (9) que as obras deverão começar em até sete dias. Ele disse que aguarda a Agência Nacional das Águas (ANA) e a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) liberarem a abertura das descargas de fundo dos dois açudes.
Desmatamento e esgoto
Durante a vistoria do MPF e Ibama, foi novamente constatada a existência de desmatamento nas margens do rio Paraíba, bem como a presença de líquido parecido com esgoto em trechos de canais de águas pluviais na cidade de Monteiro.
Reunião
Na próxima segunda-feira (14), às 11h, na sede do MPF em João Pessoa, haverá uma reunião com a PB Construções, empresa responsável pelas obras em Poções, com o intuito de debater a retomada dos serviços no reservatório. Participarão do encontro representantes do MPF, MP estadual e Dnocs.
Portal Correio