Sem Lula, Bolsonaro mantém liderança com 23%, mas rejeição é de 57%
A primeira pesquisa eleitoral realizada após a conclusão do período das convenções partidárias, que confirmou os candidatos à presidência da República e as respectivas alianças formadas, continuou mostrando o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) na liderança da disputa nos cenários em que não é considerado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há quatro meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo levantamento feito pelo Ipespe entre 6 e 8 de agosto, o 12º da série encomendada pela XP Investimentos, Bolsonaro tem entre 19% e 23% das intenções de voto, dependendo da simulação de primeiro turno observada. Em 3 das 4 testadas, observou-se uma oscilação positiva de 1 ponto percentual em seu apoio, movimento dentro da margem de erro, de até 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. A pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o código BR-08988/2018.
Bolsonaro também lidera na corrida espontânea, quando nomes de candidatos não são apresentados aos eleitores. Neste cenário, o parlamentar tem 17% das intenções de voto, tecnicamente empatado por Lula, que oscilou de 13% na semana passada para 15%. O líder petista corre riscos de ser impedido de participar da disputa em função da Lei da Ficha Limpa, que impede candidaturas de condenados em segunda instância. Os ex-governadores de São Paulo e do Ceará, Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), respectivamente, têm 3% cada, ao passo que o senador Álvaro Dias (Podemos) aparece com 2%. Brancos, nulos e indecisos somam 58% do eleitorado.
Em um dos cenários estimulados, Lula lidera com 31% das intenções de voto, seu maior patamar já registrado na pesquisa XP/Ipespe, iniciada em 15 de maio. Neste caso, o petista tem vantagem de 12 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, Bolsonaro, com 19%. Em outro pelotão, aparecem tecnicamente empatados 4 candidatos: Geraldo Alckmin (PSDB), com 9%; Marina Silva (Rede), com 8%; Ciro Gomes (PDT), com 6%; e Álvaro Dias (Podemos), com 5%. O grupo dos “não voto” soma 17% do eleitorado, menor percentual entre as simulações feitas
Embora hoje esteja inelegível e enfrente dificuldades em conseguir ser autorizado a participar da disputa, o ex-presidente Lula tem potencial para transferir votos ao seu possível substituto, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, hoje vice em sua chapa e coordenador do programa de governo da candidatura. Apenas a informação do apoio explícito de Lula faz com que Haddad salte de 3% das intenções de voto para 13%, na segunda posição da pesquisa — 8 pontos atrás de Bolsonaro. A pesquisa mostrou que a migração de votos do ex-presidente para o ex-prefeito salta de 10% para 36% quando é incluída a informação do apoio efetivo. A maior exposição do nome de Haddad na mídia também fez oscilar para cima a convicção de voto de seus eleitores, de 4% na semana para 6% agora. Ele, porém, continua sendo figura desconhecida para fatia expressiva do eleitorado (26%).
O levantamento também mostrou oscilação negativa de Ciro Gomes nas 4 simulações de primeiro turno, de 1 ou 2 pontos percentuais. Já Geraldo Alckmin, candidato que contará com maior tempo no horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, manteve o patamar de 10% de intenções de voto em todos os cenários, exceto o que considera a candidatura de Lula, onde tem 9%. O tucano tem pelo menos 10 pontos percentuais a menos que Bolsonaro na corrida. Já Marina Silva manteve a segunda posição nas simulações sem candidato do PT e com Haddad candidato apoiado por Lula. A ex-senadora é afetada com melhor desempenho de uma candidatura petista, o que também se aplica a Ciro.Confira os cenários de primeiro turno testados pela pesquisa:Pesquisa espontânea: sem apresentação de nome dos candidatosipespe1008a
Foram testadas sete situações de segundo turno. Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 36% a 25%, com 41% de brancos, nulos e indecisos. A diferença chegou a ser de 16 pontos percentuais a favor do candidato do PSDB em três semanas.
Em uma simulação de disputa entre Lula e Bolsonaro, o petista aparece à frente, com 41% das intenções de voto contra 32% do parlamentar, acima do limite máximo de margem de erro de ambos, e com 26% de brancos, nulos e indecisos. Duas semanas atrás, a vantagem era de 6 pontos, o que configurava empate técnico. No início da série histórica, o deputado aparecia 2 pontos à frente, também em situação de empate técnico, já que, pela margem de erro (3,2 p.p.), o petista poderia até superá-lo.
Caso Bolsonaro e Alckmin se enfrentassem, a situação seria de empate, com cada candidato com 33% das intenções de voto, mesmo percentual dos brancos, nulos e indecisos. A diferença entre os candidatos chegou a ser de 7 pontos percentuais a favor do deputado na quarta semana de maio, acima do limite da margem de erro de ambos. Em nenhum momento até aqui o tucano esteve à frente.
Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora numericamente à frente por 38% a 32%. É a maior diferença já registrada a favor da ex-senadora. Brancos, nulos e indecisos somam 30%. O deputado esteve numericamente à frente nos dois primeiros levantamentos da série, realizados na terceira e quarta semanas de maio, quando a diferença chegou a ser de 6 pontos percentuais a seu favor, também dentro do limite da soma das margens de erro de ambos os candidatos.
Empate técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o tucano numericamente à frente por 33% a 28%. A diferença, dentro do limite das margens de erro, é a mesma de duas semanas atrás. Brancos, nulos e indecisos agora somam 40%. Na última semana de junho, os dois apareciam com 32% das intenções de voto cada. Já na primeira semana daquele mês, o pedetista esteve numericamente à frente por diferença de 3 pontos.
Se Bolsonaro e Ciro se enfrentassem em uma disputa de segundo turno, o cenário também seria de empate técnico, como nas últimas oito semanas, com o parlamentar numericamente à frente, com 32% das intenções de voto contra 30% do pedetista. Brancos, nulos e indecisos somam 37%. Nos dois primeiros levantamentos, o deputado vencia a disputa com diferença superior à soma das margens de erro dos candidatos.
A pesquisa também simulou disputa de segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Neste cenário, o parlamentar venceria por 37% a 29% das intenções de voto. O grupo dos “não voto” soma 34%.Rejeição aos candidatos
A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os candidatos em que não votariam sob nenhuma hipótese. O líder em rejeição continua sendo Lula, com taxa de 60%, tecnicamente empatado com cinco outros possíveis candidatos: Jair Bolsonaro (57%) Ciro Gomes (60%), Geraldo Alckmin (57%), Marina Silva (59%) e Fernando Haddad (56%). No Bolsonaro, o patamar registrado é o mesmo da semana anterior, o maior em sua série histórica. O mesmo ocorre com Marina Silva, que repete percentual pela terceira semana. A trajetória dos principais nomes nas últimas sete pesquisas está na tabela abaixo:CANDIDATO DE 25 A 27/06 DE 02 A 04/07 DE 09 A 11/07 DE 16 A 18/07 DE 23 A 25/07 DE 30/07 A 01/08 DE 06 A 08/08
A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 6 e 8 de agosto, e ouviu 1.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 3,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-08988/2018 e teve custo de R$ 30.000,00.
O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais, a partir de 1998. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.
Em entrevista concedida ao InfoMoney em 12 de junho, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:
Fonte: InfomoneyCréditos: Infomoney