Após encontro com Lula, PT decide recorrer à ONU e ao STF por candidatura
O PT vai recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa ter sua candidatura registrada para concorrer à Presidência nas eleições de outubro. Além disso, o partido promete peticionar dois recursos no STF (Supremo Tribunal Federal): – um eleitoral e um criminal – para que não haja a necessidade de substituir o nome do ex-presidente no prazo de 10 dias atribuído pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no último sábado.
“O presidente Lula tomou a decisão de peticionar junto à ONU para que se manifeste sobre a decisão das autoridades eleitorais brasileiras em relação à determinação da ONU para que sua candidatura fosse registrada”, afirmou Fernando Haddad, vice-presidente na chapa do PT.
Além de Haddad, uma comitiva, que contou com a presença da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e advogados, ingressou na Polícia Federal por volta das 9h30 para se reunir com Lula. Foi o primeiro encontro de Haddad com Lula desde o julgamento do TSE que rejeitou a candidatura do ex-presidente.
Inicialmente, Haddad falaria com a imprensa por volta do horário do almoço. No entanto, as reuniões seguiram no período da tarde. Até mesmo uma agenda do candidato a vice-presidente, prevista para o fim da tarde, em Porto Alegre, foi cancelada devido à extensão da reunião.
Em visita a Alagoas, no último fim de semana, Haddad negou que o PT esteja confundindo a cabeça do eleitor com a indefinição sobre a candidatura de Lula. “Eu acredito que a população brasileira está acompanhando os nossos movimentos e os do presidente Lula, não só com muita atenção, mas também com muita sabedoria”, destacou o candidato em entrevista coletiva concedida no domingo (2), ao lado de Renan Calheiros (MDB-AL).
Durante o evento, Haddad evitou traçar um cenário eleitoral sem a presença de Lula. “A gente, desde janeiro, quando tudo começou a parecer estranho, a condenação lá do TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região], nós fizemos um pacto interno que não foi violado até hoje”, disse. Em entrevistas anteriores, Haddad chegou a afirmar que o pacto é ir com Lula “até as últimas consequências”.
Segundo Haddad, o PT está apenas respondendo aos fatos que estão acontecendo. “Não imaginávamos que o Brasil contrariaria uma determinação de um organismo internacional e um tratado que nós subscrevemos e foi aprovado pelo Congresso Nacional. Nosso entendimento é que os direitos políticos do presidente Lula seriam reconhecidos”, afirmou.
A tendência é que o pedido para a ONU seja enviado ainda nesta segunda-feira (3), enquanto o para o STF ocorra na terça-feira (4). Devido ao prazo dado pelo TSE, os recursos no STF devem ter um pedido de liminar, visando que sejam julgados dentro do prazo estabelecido e dando condições para que Lula continue na disputa eleitoral.
Campanha eleitoral
Após o TSE proibir o PT de veicular a campanha de rádio apresentada no último sábado, em que Lula aparecia como candidato, e estabelecer multa de R$ 500 mil para cada campanha que não estivesse em conformidade, Haddad justificou a situação devido ao prazo para ajustar a campanha em todas as plataformas (rádio, TV e internet). “Eu sou candidato a vice-presidente e vou poder figurar em até 100% do horário eleitoral. O Lula poderá figurar em 25% do tempo”, afirmou.
Segundo ele, o PT apresentou justificativas ao TSE. “Levamos ao conhecimento do tribunal todos os e-mails e medidas tomadas na madrugada para ajustar toda a comunicação à decisão”, justificou. De acordo com Haddad, após a entrevista concedida em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso desde abril, ele retornaria a São Paulo para que as peças fossem adequadas à decisão.
uol