Instalações de agroindústrias de queijos, doces, bolos, polpas de frutas diversas e farinha de mandioca em 12 das 15 regionais administrativas estão garantindo emprego e renda para dezenas de famílias agricultoras em 56 municípios paraibanos. Isso é resultado da iniciativa do Governo do Estado, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), que realizou 46 cursos sobre Boas Práticas de Fabricação de Alimentos (BPF) para mais de 1.250 agricultores, principalmente aqueles fornecedores de produtos aos programas institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
De acordo com o coordenador dos cursos, engenheiro agrônomo da Emater, Genival Soares da Silva, das 56 agroindústrias programadas – a maioria já em fase final de conclusão e certificação – foram instaladas 10. Ele disse que todo o trabalho conta com parceria da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) e apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e prefeituras municipais, por meio das secretarias da Saúde e da Educação.
Integram a equipe de trabalho além dos engenheiros agrônomos da Emater Ehemberg Pereira de Melo e Henrique Paz de Oliveira, as técnicas Valdenice Gomes de Araújo e Djanira Lucena, da Agevisa. Ele lembrou que a ação faz parte do Plano Estadual de Fortalecimento da Agricultura Familiar e tem como objetivo permitir a qualidade sanitária dos alimentos, tendo por base as portarias 326 do Ministério da Saúde e 386 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Genival explicou que, além de incorporar novos conceitos tecnológicos às formas convencionais de processamento de alimentos em cumprimento a legislação sanitária para a obtenção de produtos isentos dos perigos biológicos, químicos e físicos, as capacitações ensinam boas práticas de fabricação de alimentos, procedimentos de padrão de higiene operacional e instruções de trabalho. “Ao final de cada capacitação, ficam registradas em forma de manual todas as instruções de trabalho a serem seguidas pelos agricultores em suas unidades de produção”, enfatizou.
O presidente da Gestão Unificada, Nivaldo Magalhães, avalia os resultados desse trabalho e destaca o esforço do Governo do Estado para beneficiar o maior número de famílias agricultoras. “A expansão e o fortalecimento são avanços importantes que envolvem esforços do governador Ricardo Coutinho para desenvolver a agricultura familiar, integrando mais agricultores no processo de desenvolvimento econômico, com geração de novas oportunidades de trabalho, renda e qualidade de vida”, afirmou.
Gurinhém – O agricultor familiar Martinho de Paiva, do município de Gurinhém, pertencente à região administrativa da Emater em Itabaiana é um caso de sucesso desde que começou a receber orientações técnicas da extensão rural. Seu empreendimento rural, localizado na granja Nossa Senhora da Conceição, numa área de 5,5 hectares, deu uma alavancada depois que ele participou, em 2014, do curso de Boas Práticas de Manipulação de Alimentos e implantou uma agroindústria de polpas de frutas.
Contando com mão de obra familiar constituída pela sua mulher Ana Lúcia, e seu filho Maurício Souza, o agricultor produz anualmente 50 toneladas de polpas de maracujá, cajá, manga, acerola, goiaba, graviola, caju, cajarana e abacaxi, frutas abundantes na região. Todo o trabalho é orientado pelas extensionistas Ângela de Cássia e Severina Lima, sob supervisão do coordenador regional da Emater em Itabaiana, Paulo Emílio de Souza.
Ele explica que, apesar de ter começado a produzir polpas no ano de 2013, foi a partir de 2016 que seu empreendimento deslanchou, com a aquisição do selo do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e do Serviço de Inspeção Federal (SIF). “Após conseguir as licenças, conforme as exigências dos órgãos fiscalizadores, providenciei a confecção de embalagens com rótulos identificando a procedência do produto e hoje estou comemorando os resultados”, afirmou.
Para incrementar sua agroindústria com maior capacidade de armazenamento, o agricultor está negociando, por meio de um projeto, uma câmara fria com o Banco do Nordeste, agência de Alagoa Grande. A ideia é armazenar maior quantidade de frutas, e com isso, “manter a constância do produto para poder atravessar a entressafra sem deixar faltar frutas para meus clientes”, justificou.
Também é pretensão dele adquirir um baú isotérmico para transportar as polpas de frutas até os estabelecimentos de seus clientes e instituições. No total, das 50 toneladas produzidas, 90% é fornecida ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) de escolas das redes municipais e estadual e 10% para o mercado privado.
Seu Martinho conta que, afora outras ações trabalhadas pela Emater na sua propriedade, foi “a partir da minha agroindústria de polpa de frutas que me estabilizei e, além de gerar renda para o sustenta da minha família, estou gerando renda também para outras famílias agricultoras da região, comprando as frutas produzidas na localidade e incentivando para que elas cuidem da produção”, disse, enfatizando que precisa comprar frutas de municípios vizinhos, porque a sua produção de polpas está aumentando consideravelmente.
Com assistência técnica continuada da Emater desde 2010, seu Martinho também trabalha com a criação de bovino de leite e de corte, além de pequenos animais como ovinos, suínos e aves, com destaque para a galinha caipira, que também fornece ao Pnae.
Para o coordenador regional em Itabaiana, “o agricultor Martinho de Paiva é hoje um caso de sucesso, de mudança, de quebra de paradigmas, de superação e de exercício de cidadania, já que busca os seus direitos”. Ele entende que os agricultores familiares quando providos de uma assistência frequente, a tendência é que eles possam descobrir que, mesmo com as situações adversas, como o fenômeno da seca, pouca terra e outras dificuldades, é possível descobrir alguma atividade que gere renda para tirar o sustento da família.