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Mais de cem migrantes desaparecem após naufrágio na costa da Líbia

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Pelo menos 116 migrantes estão desaparecidos por causa de um naufrágio na costa da Líbia, que poderia ser o mais letal dos ocorridos no Mediterrâneo neste ano, disse um porta-voz da Marinha desse país norte-africano, Ayoub Qassem. Outras 132 pessoas foram resgatadas pela Guarda Costeira líbia e por pescadores locais, e todas elas já se encontram em terra firme.

Antes, a agência da ONU para os refugiados (ACNUR) tinha manifestado seu temor de que 150 pessoas tivessem morrido no naufrágio. “Notícia terrível. Chegam informações de um grande naufrágio em frente à costa da Líbia”, afirmou Charlie Yaxley, porta-voz do ACNUR para a África e o Mediterrâneo, numa mensagem publicada em sua conta oficial da rede social Twitter que fez soar todos os alarmes.

O escritório na Líbia da Organização Internacional das Migrações (OIM), dependente da ONU, também ecoou os temores de uma nova tragédia pela sua conta no Twitter. Um dos sobreviventes teria contado que um grupo de aproximadamente 150 pessoas viajava no navio acidentado. Entretanto, segundo a Marinha líbia, mais de 200 pessoas estariam a bordo da improvisada embarcação de madeira, que saiu da localidade líbia de Khoms, 120 quilômetros a leste de Trípoli, na tentativa de desembarcar os migrantes indocumentados em território europeu.

Por causa do bom tempo, no verão mediterrâneo costuma aumentar o número de barcos com migrantes que fazem esse trajeto, razão pela qual também se multiplicam os acidentes. Em maio, mais de 80 pessoas morreram depois do naufrágio de uma balsa a 60 quilômetros da costa da Tunísia, à altura da cidade de Sfax. A embarcação tinha saído de Zuara, uma cidade líbia fronteiriça com a Tunísia. A Guarda Costeira tunisiana só conseguiu resgatar quatro pessoas.

Embora não haja cifras oficiais, calcula-se que dezenas de milhares de migrantes estejam na Líbia à espera de realizar a travessia clandestina por mar para a Europa. Sua situação se agravou há um mês por causa de uma nova eclosão de violência no país árabe, depois do lançamento de uma ofensiva por parte do marechal Khalifa Hafter para assumir o controle da capital, Trípoli. De acordo com as estimativas da ONU, as hostilidades já provocaram a morte de pelo menos 1.100 pessoas, e dezenas de milhares de outras foram obrigadas a deixar suas casas.

De acordo com o último balanço da Organização Internacional para as Migrações, mais de 600 pessoas já perderam a vida neste ano tentando cruzar o Mediterrâneo. Delas, mais de 60% correspondem à chamada rota central, que conecta a Líbia à Itália. A cifra é ligeiramente inferior à do mesmo período do ano passado. Até 8 de maio deste ano, 17.000 migrantes e refugiados haviam chegado à Europa por via marítima, o que representa um redução de 30% em comparação a 2018.

A chamada “crise dos refugiados” pôs à prova a resiliência das instituições da União Europeia ao coincidir com a ascensão dos partidos de extrema direita com um discurso xenófobo. Com o objetivo de abordar este problema, um grupo de 14 países europeus chegou na segunda-feira passada a um acordo para distribuir os migrantes e refugiados a partir de uma proposta feita pela França e Alemanha. O anúncio do pacto ocorreu depois de uma reunião de seus ministros de Interior e Relações Exteriores em Paris.

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