Bolsa tem terceira queda seguida e volta aos 118 mil pontos
O Ibovespa fechou em queda de 0,86%, a 118.435 pontos, nesta quarta-feira (10). Este é o menor patamar do índice desde 2 de fevereiro.
No pregão, o mercado refletiu a desaceleração do varejo brasileiro em dezembro, mês que tradicionalmente tem alta nas vendas, relacionadas ao Natal. As vendas caíram 6,1% no último mês de 2020, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados pela manhã.
Foi o dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada em janeiro de 2001. O número veio abaixo da expectativa do mercado, que esperava queda de apenas 0,7% em dezembro, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg.
Em reflexo, as ações da Via Varejo se desvalorizaram 3,88%. Magazine Luiza recuou 3,58% e B2W caiu 0,55%.
O dado negativo também contribuiu para o terceiro pregão consecutivo de queda do principal índice da Bolsa brasileira, em meio à discussão sobre a volta do auxílio emergencial.
Na semana, o índice acumula perda de 1,58%.
O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta quarta que um novo auxílio emergencial voltou a ser discutido, mas advertiu que “não há dinheiro no cofre” e qualquer pagamento será feito com endividamento do governo.
Por pressão do Congresso, o governo admitiu discutir uma nova versão do auxílio emergencial pago até dezembro aos vulneráveis afetados pelos impactos da pandemia de Covid-19. O novo modelo seria menor, com apenas três parcelas de R$ 200 e pago apenas para pessoas que já tiveram auxílio, estão desempregadas e não recebem o Bolsa Família.
Bruno Madruga, sócio da Monte Bravo Investimentos, também chamou a atenção para o começo do feriado chinês em razão no Ano Novo Lunar a partir de sexta-feira (12), que tende a reduzir a liquidez nos mercados.
“Investidores preferem realizar seus lucros e ficar com dinheiro em caixa para não serem surpreendidos com alguma notícia durante o longo feriado”, afirmou.
Ele também chamou a atenção para o fechamento do mercado brasileiro no começo da próxima semana, mesmo com o cancelamento das festividades relacionadas ao Carnaval em várias regiões do país, como mais um componente de cautela.
Não haverá negociação nos mercados de renda variável da B3 nos dias 15 e 16, com as operações sendo retomadas a partir das 13h de quarta-feira (17). Em 2020, foi logo após o Carnaval que o Ibovespa desandou, tocando as mínimas em meados de março.
No pregão, o BTG Pactual recuou 4,37%, em mais uma sessão de ajustes, após marcar recordes no começo da semana, antecipando o bom resultado divulgado na terça. No setor, enfraquecido pelas preocupações fiscais, Itaú cedeu 0,72% e Bradesco perdeu 1,1%.
No setor de educação, Cogna recuou 4,07%, ampliando a perda em fevereiro para mais de 6%. A companhia deve divulgar seu balanço apenas em março. A previsão de alguns analistas é de que persista a dinâmica fraca da Kroton, incluindo provisões maiores. No setor, YDUQS caiu 2,56%.
A Suzano avançou 2,25%. Após o fim do pregão, a empresa anunciou que teve lucro líquido de R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre de 2020, ante lucro de R$ 1,175 bilhão no mesmo período de 2019. No setor, Klabin avançou 0,79% após mais do que dobrar o lucro no quarto trimestre, a R$ 1,3 bilhão, com o maior volume de vendas, recuperação de preços e alta do dólar beneficiando as receitas.
Já a Bemobi caiu 2,73% após disparar quase 30% na sua sessão de estreia na B3, após IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) que movimentou R$ 1,258 bilhão.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones subiu 0,2%, o S&P 500 teve leve variação negativa de 0,03%, e o Nasdaq recuou 0,25%.
FOLHAPRESS