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Testes de vacina em crianças começam com imunizante já usado em adultos

crianca-de-mascara Testes de vacina em crianças começam com imunizante já usado em adultosO Brasil já deu início à campanha de vacinação contra a Covid-19, priorizando os profissionais de saúde e idosos. Sem nenhuma sinalização de quando crianças começarão ser vacinadas, entretanto, muitos pais se perguntam quando um imunizante deve estar disponível para os pequenos — sobretudo em um cenário de volta às aulas.

Por enquanto, nenhum laboratório anunciou uma vacina específica para crianças, tampouco aquelas já disponibilizadas têm sido indicadas para esta faixa etária. A boa notícia para os pais mais ansiosos pela imunização dos filhos é que os testes já começaram.

A Pfizer no Brasil disse à CNN que seu imunizante já começou a ser testado em crianças dos Estados Unidos. Entretanto, a farmacêutica não confirmou quando o imunizante estará disponível.

“Não é que vai criar uma vacina e começar do zero para crianças. São essas vacinas que a gente têm e eles vão incluindo as crianças nos testes”, explica a epidemiologista Denise Garrett, acrescentando que há a possibilidade de uma alteração na dose.

“A Moderna e a Pfizer estão testando a mesma vacina que usam em adultos, estão testando para eficácia e segurança nesse grupo etário. Pode ser que tenha algum ajuste em termos de dose, pode ser que com a criança tenha uma dose menor ou maior, por isso é preciso fazer os testes”, explica. “Em breve já vamos poder incluir, pelo menos a vacina da Pfizer, criança até 12 anos”, citou.

Por enquanto, a ausência deste grupo nas campanhas de vacinação está mais relacionada à baixa incidência de casos graves de Covid-19 entre jovens menores de 18 anos.

“Ninguém planeja, em um primeiro momento, usar a vacina da Covid-19 em crianças, porque elas raramente são acometidas de maneira grave. Então, o objetivo dos programas de vacinação é controlar os casos graves da doença”, explica o infectologista pediátrico Renato Kfouri, vice-presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Os efeitos dos imunizantes no organismo infantil ainda são estudados, embora os riscos estejam inicialmente descartados. “É pouco provável que essas vacinas tenham problemas de segurança com crianças, há estudos nesse sentido”, diz Kfouri.

Ambos os especialistas afirmam que não há qualquer impedimento científico ou ético para que as vacinas que são aplicadas atualmente, sejam testadas em crianças.

“Nenhuma vacina começa testando crianças, a menos que seja uma vacina específica para criança, como da poliomelite, por exemplo. Mas em geral, para todas as vacinas, a gente começa testando em adultos, criança é o último grupo que a gente testa”, explica a epidemiologista.

“Obviamente, se a gente quiser mais para frente controlar a epidemia, evitar a disseminação do vírus, vamos querer vacinar boa parte da população. E, sabemos que crianças e adolescentes são boa parte da população em muitos países, aqui no Brasil são mais de 25%.  De qualquer forma, a gente vai precisar um dia incluir adolescentes e crianças em programa de vacinação para controle da doença”, acrescenta Kfouri.

A duração da imunização gerada pela vacina, também levanta uma discussão sobre a eficácia de vacinas em crianças. “Precisamos entender melhor a questão da duração da proteção: se a gente sabe que crianças não têm formas graves da doença e a gente vai usar uma vacina que vai oferecer de 5 a 10 anos de proteção, a gente pode vacinar uma criança que tem risco baixo de pegar Covid-19 e de repente ela ficar novamente suscetível com 20 anos. Eventualmente poderá pegar a doença mais tarde, com risco maior, então precisa ver se valerá a pena um dia vacinar crianças ou não”, analisa.

O médico ressalta ainda a importância, momentânea, em priorizar os grupos de riscos nas campanhas de imunização. “Se você tem uma doença que é rara em uma faixa etária como das crianças, algumas questões que precisam ser melhor compreendidas antes de começar a vacinar a criança, como a duração de proteção, efeitos colaterais, necessidade de controle da pandemia, mas nada para agora. Acho que agora a prioridade é concentrar todas as doses possíveis do mundo nos grupos mais vulneráveis”, afirma Kfouri.

Casos de Covid-19 entre crianças

O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) mencionou, recentemente, que menos de 5% dos casos de Covid-19 relatados na União Europeia (UE), Espaço Econômico Europeu (EEE) e Reino Unido são entre crianças e jovens com menos de 18 anos de idade e, quando diagnosticados com Covid-19, têm riscos muito menores de serem hospitalizados ou irem a óbito.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a evolução da COVID-19 em crianças é tema de um projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG) selecionados no Programa de Combate a Epidemias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A coordenadora do projeto e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFG, Melissa Avelino, informou que a evolução da doença em crianças e em adultos tem sido diferente.  “Temos coletado material desde abril. Enquanto nos adultos há problema respiratório, em crianças o mais comum tem sido o surgimento da MIS-C (Síndrome Inflamatória Multissistêmica Infantil), muito parecida com um choque tóxico”, explicou a pesquisadora ao Ministério da Saúde.

Os quadros recorrentes incluem febres persistentes, dores abdominais, vômitos e reações na pele, complementou. A Síndrome Inflamatória Multisitêmica, de acordo com o médico Renato Kfouri, é uma complicação rara da Covid-19 nas crianças, que não altera a perspectiva de utilização de vacinas nos pequenos.

“É um evento extremamente raro que não justifica a introdução de vacinas para prevenção deste evento em específico. Além de raro, ainda não se estabeleeu uma relação porque as crianças desenvolvem isso pós Covid-19”.  A última atualização do Ministério da Saúde, sobre os casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Infantil, apontou que o Brasil registra, até o momento, 511 casos e 35 mortes causadas pela doença.

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