Vaticano proíbe bênção a casamento homossexual e diz que união é pecado
A Igreja Católica anunciou nesta 2ª feira (15.mar.2021) que padres não podem abençoar uniões homoafetivas. Em nota, a CDF (Congregação para a Doutrina da Fé, organismo doutrinário da instituição) diz que qualquer bênção para casamentos entre pessoas do mesmo sexo serão consideradas ilícitas. De acordo com o Vaticano, “Deus não pode abençoar o pecado“.
A decisão contou com o aval do papa Francisco. Ele havia em ocasiões anteriores se manifestado a favor da união civil entre casais homoafetivos. Em 2020, o papa chegou a defender que pessoas LGBTI+ tivessem os mesmos direitos legais que os casais heterossexuais. Agora, o Vaticano se posicionou de forma diferente e afirmou que a “verdade do rito litúrgico” é reservada para casamentos entre um homem e uma mulher.
“Não é lícito dar uma bênção a relacionamentos, ou parcerias, mesmo estáveis, que envolvam atividade sexual fora do casamento (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher aberta em si mesma à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo“, diz a decisão.
A nota da CDF afirma ainda que a proibição “não se destina a ser uma forma de injusta discriminação“, mas sim à defesa do sacramento do casamento. A nota insiste também que o desejo de acolher pessoas homossexuais está de acordo com Deus. Mas, segundo a Igreja, qualquer relacionamento que não esteja de acordo com o ideal católico, inclusive aqueles que envolvem atividades sexuais fora do casamento, não devem ser apoiados.
A exceção, segundo a Igreja, é para casais em que uma das pessoas (ou até mesmo as duas) é homossexual, mas mantém uma união que segue o ideal heteronormativo. “Pessoas com inclinações homossexuais, que manifestem a vontade de viver em fidelidade aos desígnios revelados por Deus” podem ter o casamento abençoado por um padre ou oficial católico.
O Vaticano afirma ainda que o casamento homossexual é uma “imitação ou analogia” do “sagrado matrimônio” entre um homem e uma mulher.
A posição é oposta a falas recentes do papa Francisco. No documentário Francesco (2020), de Evgeny Afineevsky, o papa afirmou: “Pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. Elas são filhas de Deus e têm direito a uma família“.
Apesar de defender posições mais inclusivas em alguns de seus discursos, Francisco não alterou nenhum dos dogmas da Igreja Católica relacionados a uniões homossexuais. Até hoje, o Vaticano considera pecado qualquer relação afetiva e sexual que não seja entre um homem e uma mulher casados.