Ramírez repete início de Aguirre e tem Inter ainda em adaptação a novo estilo após 10 jogos
Miguel Ángel Ramírez viu o Inter perder por 1 a 0 para o Juventude, no último domingo, na Montanha dos Vinhedos, pelo jogo de ida da semifinal do Gauchão. Um duelo emblemático não apenas por ser o primeiro mata-mata vivenciado pelo espanhol em dois meses de clube. Mas também por marcar a sua 10ª vez no comando, de fato, da equipe.
E com números que respaldam os primeiros passos. O técnico chegou em março para conduzir um projeto de ruptura, com novo modelo de jogo. Se a equipe ainda se adapta (e já mostra certa compreensão) às ideias, Ramírez vive um início com aproveitamento de 63,3% em 10 partidas até o momento.
O treinador repete a marca de um outro estrangeiro recente na história colorada: Diego Aguirre. Em 2015, o uruguaio arrancou na temporada com cinco vitórias, quatro empates e uma derrota. Ramírez, por sua vez, constrói seu aproveitamento com seis vitórias, um empate e três derrotas.
O levantamento do ge não leva em conta a vitória por 4 a 2 sobre o Ypiranga. Apesar de o treinador ter armado a equipe e a comandado da mureta do Beira-Rio – inclusive com invasão à área técnica -, quem assinou a súmula como técnico foi Osmar Loss.
O início de trabalho de Ramírez é o quinto melhor na comparação com os últimos 10 técnicos a completar ao menos 10 jogos pelo clube – desde Diego Aguirre, em 2015 (veja abaixo). Neste período, o Colorado teve Falcão e Lisca à beira do campo, com apenas cinco e três jogos cada, respectivamente, em 2016.
Miguel Ángel Ramírez pelo Inter:
- 10 jogos*
- 6 vitórias
- 1 empate
- 3 derrotas
- 20 gols feitos
- 6 gols sofridos
- Aproveitamento: 63,3%
*Número não conta a vitória sobre o Ypiranga
Conforme o levantamento, Argel Fuchs é quem teve o melhor início. O treinador somou um total de 73,3% de aproveitamento nos 10 primeiros jogos – sete vitórias, um empate e duas derrotas – após assumir a equipe no meio da temporada de 2015.
Depois, Eduardo Coudet, em 2020, e Antônio Carlos Zago, em 2017, tiveram o mesmo início: 70% de aproveitamento, com seis vitórias, três empates e uma derrota. Em 2018, Odair Hellmann começou a temporada com 66,6% de aproveitamento: seis vitórias, dois empates e duas derrotas.
O início dos últimos treinadores do Inter
Treinador | Temporada | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Aproveitamento |
Miguel Ángel Ramírez | 2021 | 10 | 6 | 1 | 3 | 63,3% |
Abel Braga | 2020 | 10 | 4 | 2 | 4 | 46,6% |
Eduardo Coudet | 2020 | 10 | 6 | 3 | 1 | 70% |
Zé Ricardo | 2019 | 10 | 4 | 3 | 4 | 50% |
Odair Hellmann | 2018-19 | 10 | 6 | 2 | 2 | 66,6% |
Guto Ferreira | 2017 | 10 | 4 | 5 | 1 | 56,6% |
Antônio Carlos Zago | 2017 | 10 | 6 | 3 | 1 | 70% |
Lisca | 2016 | 3 | 1 | 1 | 1 | 44,4% |
Celso Roth | 2016 | 10 | 2 | 2 | 6 | 26,6% |
Falcão | 2016 | 5 | 0 | 2 | 3 | 13,3% |
Argel Fuchs | 2015-16 | 10 | 7 | 1 | 2 | 73,3% |
Aguirre | 2015 | 10 | 5 | 4 | 1 | 63,3% |
Abel Braga | 2014 | 10 | 8 | 1 | 1 | 83,3% |
Trabalho em evolução
Além dos números, o trabalho de Ramírez deixa suas marcas dentro de campo. Ainda com oscilações de desempenho consideradas naturais na avaliação da diretoria para um projeto considerado de ruptura de ideias, com a implementação de um novo modelo de jogo.
O Inter hoje já tem enraizadas as mecânicas propostas pelo treinador em sua filosofia do jogo de posição. A equipe armada no 4-3-3 tenta construir as jogadas desde a defesa com participação do goleiro e só progride no campo quando cria vantagens numéricas a partir da troca de passes.
Em todos os 10 jogos, o Inter teve mais posse de bola que os adversários. E na maioria delas, conseguiu se impor para controlar o jogo.
Inter passeia sobre o Deportivo Táchira no melhor jogo com Ramírez
As exceções ficam por conta das três derrotas – no Gre-Nal, para o Always Ready e contra o Juventude. No clássico, a supremacia na posse de bola não resultou em controle.
A última impressão deixada veio na derrota para a equipe da Serra no castigado gramado da Montanha dos Vinhedos. Mas a sequência recente anterior era de um Inter que conseguia criar a partir do jogo de posição. E não parava de criar, diga-se. Foram três goleadas e 15 gols marcados em quatro jogos.
Base titular definida
Os 10 jogos com muitos testes no Gauchão serviram para o treinador observar um total de 28 atletas. E também para definir uma estrutura de time titular, mesmo com trocas pontuais e posições ainda abertas. Taison, por exemplo, tem seu lugar guardado no meio-campo.
Na defesa, Rodinei e Heitor alternam titularidade na lateral direita, e o mesmo vale para Zé Gabriel e Lucas Ribeiro. No ataque, Thiago Galhardo e Yuri Alberto, artilheiro e vice-artilheiro, vivem um rodízio na formação inicial.
Mas Marcelo Lomba, Víctor Cuesta, Moisés, Rodrigo Dourado, Edenílson, Mauricio, Palacios e Patrick têm postos garantidos inicialmente. Mauricio, aliás, ganhou a posição no decorrer dos jogos. Resta saber se irá mantê-la agora, com o ingresso de Taison.
O elenco colorado treina novamente nesta terça-feira no CT do Parque Gigante. O Inter enfrenta o Olimpia pela Libertadores na quarta, às 21h, no Beira-Rio, pela 3ª rodada do Grupo B da Libertadores.
Globo Esporte