Cardiologista alerta: “chip da beleza” também pode prejudicar o coração
O tema é polêmico e muita gente quer saber mais sobre o assunto. Basta pesquisar o termo “chip da beleza” na internet, para surgirem as principais dúvidas da população, como especialidade do profissional que faz a aplicação, quanto custa um implante e qual a função.
Tal dispositivo, cuja principal composição é o hormônio gestrinona, vem sendo utilizado por mulheres para fins estéticos, apesar de não ser autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas a lista de efeitos colaterais é grande e também há riscos para a saúde do coração.
Dentre os efeitos adversos associados ao uso de implantes de gestrinona e outros hormônios androgênicos em mulheres, estão acne, aumento de oleosidade de pele, queda de cabelo, aumento de pelos, mudança de timbre da voz, elevação dos níveis de colesterol e clitoromegalia (hipertrofia do clitóris). Na lista de riscos, também estão malefícios para o sistema cardiovascular.
O uso inadequado do dispositivo pode causar maior risco de infarto e de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos diz que a utilização do implante hormonal para favorecer o ganho de massa muscular e perda de gordura não é recomendável. E principalmente para as mulheres que têm algum problema no coração.
“As mulheres, em especial as cardiopatas, não devem utilizar esse implante de forma alguma, pois pode aumentar o colesterol e também doenças cardíacas, dentre outras questões. Além disso, não tem evidências científicas para o uso estético”, afirma o cardiologista.
Valério Vasconcelos explica que o sexo feminino tem um metabolismo diferente, com a proteção do sistema cardiovascular pelos hormônios femininos.
“Com o implante, o organismo muda para um perfil androgênico (mais masculino), e aí essas mulheres começam a ter risco de colesterol aumentado e de doenças cardiovasculares”.
O cardiologista, aliás, é taxativo quanto ao uso do “chip da beleza”, que na verdade é um implante hormonal subcutâneo.
“Eu, como pesquisador, não recomendo o uso estético desse produto, devido aos muitos efeitos colaterais e à falta de evidências científicas. Para as mulheres que estão na menopausa, inclusive, o perigo é maior, pois a mulher tende a ter um risco maior de doenças cardiovasculares nessa fase da vida”, declara Valério Vasconcelos.
E acrescenta: “O termo ‘chip da beleza’ se popularizou, mas é equivocado. Primeiro porque não é um chip e segundo porque não há evidência científica alguma que o relacione a resultados estéticos”, ponta.
SAIBA MAIS – O implante hormonal é composto, principalmente, pelo hormônio gestrinona. Tal substância tem sido usada erroneamente por mulheres na busca de melhora da performance física e estética dados os possíveis efeitos androgênicos desse hormônio (como diminuição de massa gorda, aumento de massa muscular, aumento de libido).
Como atualmente não existe produção de gestrinona oral pela indústria farmacêutica no Brasil, o uso abusivo dessa substância tem sido feito por meio de implantes hormonais (isolada ou associada a outros hormônios), mas seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico é rechaçado veementemente pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), que divulgou posicionamento oficial sobre o uso (e abuso) de implantes de gestrinona no Brasil em novembro passado.
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