Oito estados e DF têm ocupação de UTI para Covid acima de 80%
Oito estados e o Distrito Federal registraram uma ocupação acima de 80% dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para pacientes com Covid-19 nesta segunda-feira (31), incluindo um estado em situação de colapso.
Mato Grosso do Sul tem ocupação de 103% dos leitos –cenário que acontece quando há mais pacientes internados do que leitos originalmente disponíveis para atendimento de pacientes graves.
Na sequência, o estado de Goiás aparece com 90% de lotação, seguido por Distrito Federal, Pernambuco, Piauí, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Ceará, todos com ocupação acima de 80%. Os dados são dos governos estaduais.
O Brasil vive uma explosão de casos de Covid-19 com a escalada da variante ômicron. Nesta segunda-feira, o país completou 14 dias de recordes nas médias móveis de casos da doença.
A ocupação de leitos também segue tendência de alta –a despeito da abertura de cerca de 1.100 novos leitos para pacientes graves na última semana, a ocupação cresceu proporcionalmente em 18 estados.
A região Centro-Oeste é a que enfrenta o cenário de maior dificuldade em relação à disponibilidade de leitos, com os quatro estados em situação crítica.
Em Mato Grosso do Sul, mesmo com a abertura de 13 novos leitos de UTI ao longo da última semana, a taxa de ocupação está acima do limite. São 161 pacientes para 156 leitos disponíveis, resultando em uma ocupação de 103%. O mesmo acontece com os leitos pediátricos, cuja taxa está em 120%.
O aumento das internações reflete a piora nos indicadores epidemiológicos do estado. Nesta terça (1º), o estado bateu mais um recorde, ao registrar 4.902 casos de Covid-19 em 24 horas. Com isso, a média móvel subiu para 3.197 casos.
Campo Grande, capital do estado, encabeçou a alta, com 1.799 novas infecções em 24 horas. Os leitos de UTI da cidade continuam pressionados, com 87% de ocupação. No entanto, o percentual registrado é inferior ao da semana passada, quando todos os leitos estavam ocupados.
Em Mato Grosso, a situação é semelhante: as unidades de terapia intensiva estaduais estão com 86% de ocupação. O percentual é similar ao da semana passada, mas houve a abertura de 35 novos leitos ao longo da semana.
Na capital, Cuiabá, 100% dos 30 leitos para pacientes com Covid-19 da rede municipal estão ocupados. A cidade registra alta procura por testes de Covid nas farmácias e nos laboratórios. Há reclamações sobre oscilações nos preços de testes, o que levou o Procon local a intensificar a fiscalização sobre os estabelecimentos para coibir eventuais abusos.
O Distrito Federal tinha 89% dos leitos de UTI ocupados na segunda-feira. A unidade da federação possui 85 leitos de UTI para Covid para adultos.
Desse quantitativo, 76 estão ocupados, 7 estão bloqueados aguardando liberação e 2 estão vagos. A unidade da federação também possui 14 leitos de UTI neonatal e pediátrico, sendo que 6 estão ocupados.
O cenário é parecido em Goiás, onde os 203 leitos de UTI da rede pública de saúde estão com 90% de ocupação, mantendo a tendência de crescimento registrada na semana passada.
Quatro estados do Nordeste também enfrentam uma situação crítica. O mais grave é Pernambuco, onde os leitos de UTI chegaram a 88% de ocupação na segunda. No mesmo dia da semana anterior, o percentual era de 80%.
O estado passa por um momento delicado da Covid-19. No sábado (29), bateu recorde de casos diários de toda a pandemia: 6.581 infectados em 24 horas.
No dia 28 de janeiro, o Governo de Pernambuco proibiu os profissionais da saúde pública estadual de tirarem férias durante 60 dias, até o final de março, por causa da variante ômicron.
Ainda assim, o governo manteve até 15 de fevereiro a liberação para festas privadas com até 3.000 pessoas em espaços abertos e até mil pessoas em espaços fechados. A administração estadual ainda vai decidir se permite eventos particulares de Carnaval, concentrados no Recife e em Olinda.
No Piauí, a taxa de ocupação chegou a 87%, superando o total registrado há uma semana, que já era alto, de 82%.
Em algumas unidades de saúde do interior do estado, já não há mais vagas em UTIs. É o caso do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, em Parnaíba, onde os 17 leitos estavam ocupados nesta segunda, e do Hospital Regional Chagas Rodrigues, em Piripiri, com todos os seus dez leitos em uso.
Também estão em situação crítica os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. No último, 81% dos 374 leitos de UTI para adultos estavam ocupados na segunda, de acordo secretaria estadual da saúde.
No Rio Grande do Norte, são 106 leitos de terapia intensiva ocupados e 21 disponíveis, uma ocupação de 83%. Por outro lado, a situação nas UTIs pediátricas arrefeceu com a expansão do número de leitos, e a ocupação caiu para 62%.
Até a última quinta-feira (27), das 19 pessoas internadas em leitos de UTI no Hospital Giselda Trigueiro, principal unidade de referência para atendimento de casos Covid-19 no estado, 18 não tinham completado o esquema de vacinação. Metade desses pacientes não tinha registro de nenhuma dose.
“Temos ainda número de óbitos que, embora baixo, já supera o número de dezembro, e o perfil que tem ocorrido no estado são pessoas, em sua maioria, idosas, com comorbidades e que não possuem esquema completo de vacinação”, diz Diana Rêgo, subcoordenadora de vigilância epidemiológica da secretaria.
Entre os estados do Sudeste, o Espírito Santo enfrenta o pior cenário, com 83% dos leitos para pacientes graves ocupados. Nesta segunda, o estado passou a exigir passaporte de vacinação para entrada em academias, bares e restaurantes, além de eventos.
No estado de São Paulo, a taxa de ocupação é de 72%. Dos 11.316 pacientes suspeitos e confirmados para Covid-19 internados em todo o estado, 3.994 estavam em unidades de terapia intensiva.
O percentual de ocupação se manteve estável em relação à semana passada, quando 71% dos leitos estavam em uso. Mas isso aconteceu porque houve abertura de novos leitos: eram 5.525 leitos na terapia intensiva nesta segunda contra 4.855 sete dias antes.
Com a alta de infecções causada pela variante ômicron, no último dia 26, o governo do estado anunciou uma ampliação, de 700 novos leitos, para apoiar os municípios no combate à pandemia. A expansão se dará até 6 de fevereiro.
No Rio Grande do Sul, a ocupação de UTIs do SUS é de 55% —o painel do estado contabiliza o total de leitos, não apenas aqueles reservados para os casos de Covid. O total de internados com casos confirmados de Covid-19 e suspeitos, em leitos públicos e privados, é de 638 pessoas.
Nesta terça, a Secretaria Estadual de Saúde divulgou um levantamento que aponta que 65% das internações no estado e 67% das mortes relacionadas à doença, neste janeiro, ocorreram em pessoas que não foram vacinadas ou que receberam apenas uma dose.
O mês de janeiro de 2022 tem a maior circulação de casos no estado desde o início da pandemia, diz a secretaria, com pelo menos 316 mil novos casos registrados, passando o total do segundo semestre de 2021. O número é parcial, já que outras infecções relacionadas ao período podem ser computadas nos próximos dias.
FOLHA