Tropas da Rússia tomam maior usina nuclear da Europa, diz Ucrânia
As forças militares russas tomaram a usina de Zaporíjia, a maior da Europa, alvo de um ataque que gerou um incêndio na madrugada desta sexta (4), segundo a administração regional.
Em publicação em rede social, a gestão explicou que a equipe operacional monitora as condições da unidade e que os esforços buscam garantir que as operações estejam de acordo com os requisitos de segurança. A agência de inspeção das plantas nucleares da Ucrânia também divulgou que tropas russas ocupavam a unidade.
O ataque nas primeiras horas desta sexta, noite de quinta no Brasil, causou chamas em um prédio do lado de fora da usina, segundo informações iniciais. A direção da usina disse à agência que não havia risco imediato de contaminação nuclear.
O Serviço de Emergência da Ucrânia informou depois que as condições de radiação e do incêndio na instalação estavam “dentro dos limites normais”, informação confirmada mais tarde pela Agênica Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês).
Por volta das 1h30 (hora de Brasília), o incêndio foi controlado e, na manhã desta sexta na Ucrânia, um dos seis reatores estava em funcionamento. A IAEA acrescentou ainda que as chamas não atingiram equipamentos essenciais e que não houve mudança nos níveis de radiação.
Zaporíjia, construída entre 1985 e 1989, é o maior complexo do tipo na Europa. Cerca de 25% da energia ucraniana é fornecida pela usina, o que também a torna um ativo central para qualquer força invasora ou defensora.
Os russos vinham cercando a usina havia dois dias. O prefeito da cidade ucraniana que abriga a usina, Energodar, havia dito no fim da tarde desta quinta (3) que havia uma grande concentração de soldados de Moscou rumo à região. Desde terça (1º), funcionários da usina e moradores haviam fechado o acesso do local a blindados russos, que deram meia-volta.
A planta, porém, não é a primeira usina nuclear que se vê envolvida em combates nessa guerra. Já no segundo dia da operação, na sexta-feira passada (25), os russos começaram a combater na região de Tchernóbil e tomaram o local no fim de semana. Ali a usina segue em operação para manter o controle sobre o reator que explodiu em 1986 sob um sarcófago de chumbo, que segura as emissões radioativas.
A situação em Zaporíjia já gera preocupação internacional. O Ministério das Relações Exteriores da China instou que os dois lados garantam a segurança das instalações nucleares na Ucrânia. “Vamos monitorar a situação e pedimos a todos que se contenham”, disse o porta-voz.
Já o ministro de Assuntos Europeus da França, Clement Beaune, disse que a União Europeia deve permanecer firme à medida que os ataques russos se intensificam e acrescentou ser cedo para avaliar as consequências do incêndio. “Pode-se ver os ataques se intensificarem, o que é extremamente preocupante e sério.”, disse Beaune.
Com Reuters e AFP