Bolsa recua em dia de disparada do petróleo e inflação nos EUA
A Bolsa de Valores brasileira abandonou no meio da tarde desta terça-feira (12) a tendência de alta das primeiras horas para encerrar o dia em queda sob importante influência do mercado de ações americano.
Investidores reagiram nesta sessão à divulgação de dados da inflação de março nos Estados Unidos, que avançou para uma taxa de 8,5% em 12 meses. É a maior alta anual de preços no país desde 1981. Vilão da inflação global, o preço do petróleo também voltou a disparar.
O índice de referência da Bolsa, o Ibovespa, caiu 0,69%, a 116.146 pontos, fechando em baixa pelo terceiro pregão consecutivo. O dólar cedeu 0,34%, cotado a R$ 4,6750. Durante a sessão, porém, chegou a recuar à casa dos R$ 4,62.
Perto do que era esperado por analistas, o índice de inflação dos Estados Unidos passou inicialmente ao mercado a impressão de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderia evitar solavancos no aumento que promoverá nos juros de referência do país no início de maio.
Elevações das taxas de juros nos EUA podem tornar a renda fixa do país vantajosa a ponto de atrair dólares hoje aplicados em bolsas, principalmente as de países emergentes, que são mais arriscados. Isso poderia forçar países como o Brasil a elevar ainda mais seus juros para evitar fugas de capital e o consequente aumento da pressão inflacionária.
Em Nova York, o mercado de ações passou a cair durante a tarde, conforme os dados da inflação passavam a ser assimilados.
O indicador de referência S&P 500 fechou em queda de 0,34%. O mercado focado em tecnologia acompanhado pelo índice Nasdaq cedeu 0,30%. Esse é o setor mais penalizado pela alta dos juros, pois depende de crédito para avançar com projetos e apresentar crescimento. O índice Dow Jones perdeu 0,26%.
Marcelo Oliveira, fundador da Quantzed, havia alertado ainda nas primeiras horas do dia que a inflação americana dentro do esperado poderia dar uma “falsa impressão de que as coisas estão sob controle”, comentou.
O mercado trabalha com a expectativa de uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Fed, segundo Oliveira. É um avanço maior do que o 0,25 ponto percentual sinalizado pela autoridade monetária em março, quando os juros do país saíram do zero e tiveram o primeiro aumento desde 2018.
Comentários feitos nesta tarde por Lael Brainard, diretora do Fed que aguarda a confirmação do Senado para atuar como vice-presidente do banco, reiteraram a disposição da autoridade monetária para adotar uma postura agressiva contra a inflação.
“A inflação está muito alta”, disse Brainard, em evento do Wall Street Journal. “Reduzir a inflação será nossa tarefa mais importante.
Sinais de que a China irá afrouxar as restrições para conter os casos de Covid impulsionaram os preços do petróleo. No início desta noite, o barril do Brent disparava 6,65%, a US$ 105,03 (R$ 488,14).
Além da expectativa de aumento da demanda chinesa em um cenário sem o lockdown imposto aos 26 milhões de habitantes de Xangai, o mercado também passou a considerar que a oferta poderá ficar mais restrita após a Agência Internacional de Energia revisar para baixo a expectativa de produção dos Estados Unidos.
“É um cenário de aumento de demanda e restrição de oferta”, disse Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos. “Essas duas situações explicam essa alta do petróleo”.
FOLHAPRESS