Alexandre Frota deixa equipe de transição do governo Lula após críticas
O deputado federal Alexandre Frota (PROS-SP) anunciou na noite desta quinta-feira (24) que não participará mais da equipe de transição do futuro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar foi anunciado para o grupo de Cultura, mas alegou ter sido alvo de ataques.
Por meio do Twitter, o deputado federal disse que tem visto os “ataques covardes e preconceituosos” que recebe por “ter sido convidado para a equipe de transição” do novo governo. Frota pontuou que as críticas estão afetando também a sua família.
Por conta das inúmeras críticas, o ex-ator declinou o convite do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para “ficar com a família”, já que está “de boa e não quer problemas” com os eleitores – que, supostamente, se dizem de esquerda.
“O preconceito está na transição que fala em um País Plural. O Preconceito está na cabeça deles que falam da diversidade, de oportunidade para todos, de respeito as diferenças, sem julgamentos ([o que] não é bem assim)”, disse Frota nas redes sociais.
Numa entrevista ao Metrópoles, o parlamentar revelou que o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) lhe ofereceu outras opções na equipe de transição. “[Ele] me ligou preocupado com os ataques e os movimentos covardes […], mas eu não tenho interesse em nada”, confirmou.
Dentre os que fizeram mais ataques está o ator José de Abreu (de “Mar do Sertão”), que detonou a escolha de Frota na última quarta (23). Para ele, o deputado federal na equipe de transição é um “desrespeito” aos artistas – já que Frota seria considerado uma “piada” no meio cultural.
“Os ataques […] do Zé de Abreu foram absurdos, ele não me perdoa e eu sei o motivo”, garantiu Frota. “O que o Zé pode falar ao meu respeito? O Zé que cuspiu na cara de uma mulher, se acha o porta-voz da esquerda, mas nem coragem teve para disputar uma eleição.”
“O problema dessa esquerda sapatênis do Leblon, no Rio [de Janeiro], é achar que são donos da Cultura e querem repetir o passado. O punitivismo ideológico radical dessa turma extrema, que mostra toda a sua ira, preconceito e soberba, está vivo e a prova disso é o que estão fazendo.”
Ainda que o parlamentar não exponha os motivos de Zé de Abreu, acredita-se que tenham relações ao seu passado que é recheado por mentiras falsas Contra os cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque.
Frota foi processado pelos artistas e não contestou. Disse que foi levado a engano, como boa parte dos brasileiros que acreditaram em Bolsonaro, e além de pagar fez questão de se desculpar publicamente com cada um deles, mas não obteve retorno deles. “Foi um grande erro por causa do bolsonarismo me indispor com a MPB. Mas o que eu podia fazer, eu fiz: paguei e me desculpei.”
O parlamentar também foi responsável por vários projetos políticos que defendem e incentivam a Cultura do Brasil, como co-autor da lei Aldir Blanc (que foi vetada por Jair Bolsonaro) e da lei Paulo Gustavo (que vence em dezembro, mesmo tendo verba suficiente para ser estendida para 2023). Frota ainda pretendia “avaliar uma retomada da Lei Rouanet”.
“O ministério da Cultura foi todo sucateado, desmontado, demolido pelo Bolsonaro e aqueles que ele lá colocou”, afirmou o deputado, citando Osmar Terra, Roberto Alvim, Regina Duarte e Mário Frias.
O ator também tinha se desfiliado do PSDB para apoiar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e participou ativamente da campanha vencedora.