PIB brasileiro cresce 0,9% no segundo trimestre; resultado é 3 vezes maior do que o esperado
O PIB brasileiro superou a expectativa dos economistas e cresceu 0,9% de abril a junho de 2023.
As irmãs Beatriz e Isabela ganharam um presente de aniversário bem acima das expectativas: uma viagem ao Rio de Janeiro.
“A gente ficou de olho na previsão do tempo, viu que tinha chuva e o tempo já virou. Então, estamos animadas com essa viagem”, diz a representante comercial Ludmila Marquete.
A mãe e as duas meninas chegaram junto com uma notícia que também superou as expectativas: o Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2022, o PIB cresceu 3,4%. O PIB é a soma de todas as riquezas que o país produz em um determinado período.
Mas o que essa família de Uberlândia tem a ver com isso? Muito. E o Jornal Nacional vai mostrar por quê. Por enquanto, sem pensar no PIB, Ludmila está atenta a outros números. Ela fez as contas e decidiu que, pela distância que vai percorrer, vale a pena alugar um carro.
“No avião, de última hora agora. Recebi uma oferta por e-mail, vale a pena”, afirma.
A locação de automóveis faz parte do setor que cresceu 0,6% no trimestre: os serviços. Como eles respondem por cerca de 70% da economia brasileira, esse crescimento tem um grande peso nos números finais. Ludmila alugou o carro com proteção total. Dentro do setor de serviços, os da área financeira, como os seguros, foram os que mais cresceram no trimestre.
“Como vou a lugares que eu não conheço, nem sempre vou parar em estacionamento… Então, a gente fica um pouco insegura. Por isso preferi optar pela proteção total”, conta.
O crescimento dos serviços também é importante porque traz de carona crescimento do emprego e da renda. Antes da praia, a família vai conhecer o apartamento que alugou para o fim de semana. A hospedagem faz parte de uma ampla categoria de serviços, que cresceu mais de 1% no trimestre. Antes da praia, a parada rápida no restaurante – mais uma despesa no setor de serviços.
A viagem da Ludmila e das filhas reflete um número importante do PIB: o consumo das famílias cresceu 0,9% no segundo trimestre. Cada decisão que elas tomam sobre onde gastar e quanto, também formam um retrato bem atual da economia brasileira.“As famílias deixaram de consumir bens, principalmente aqueles bens duráveis, que dependem de crédito, porque o crédito está muito caro pela política monetária, e estão mais voltados para bens mais básicos, que a gente diz, como a alimentação. A inflação também tem ajudado. E também serviços. A gente tem que lembrar também que o governo também tem ajudado a impulsionar a renda das famílias, através de transferência de renda, expandiu o Bolsa Família”, explica Sílvia Matos, pesquisadora de Economia Aplicada da FGV/IBRE.A atividade econômica, no segundo trimestre, ficou 7,4% acima do patamar pré-pandemia e atingiu o ponto mais alto da série, que começou em 2010. Um outro destaque do trimestre foi o crescimento da indústria: 0,9%. O a agro ajudou não encolhendo muito: depois do supercrescimento de mais 21% no primeiro trimestre, agora recuou menos de 1%. O consumo do governo aumentou 0,7%. Os investimentos quase não cresceram: 0,1% – um alerta a longo prazo.
“Eles ficaram estagnados e estão contraindo em relação ao segundo tri do ano passado e, sem investimento, o crescimento futuro acaba sendo penalizado”, afirma Sílvia Matos.Em um ranking com 59 países, o crescimento do PIB brasileiro ficou em 7º lugar – atrás de países como o Japão e a Costa Rica, e à frente da China e dos Estados Unidos.Depois de contribuir com vários setores da economia, finalmente Ludmila, Beatriz e Isabela chegam à praia. As belezas que a natureza oferece não entram no PIB. Nem a alegria. E nesses dois setores, o Brasil é de uma riqueza que não tem igual.
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