Tite pediu e o Flamengo contratou o substituto de Gabigol. Técnico defendeu, de maneira, fria o ídolo rubro-negro. Relação é péssima
Foto: Divulgação
Tite sentiu o peso de um ídolo no Flamengo.
Três mil adesivos com os dizeres ‘Gabigol estamos com você’, foram distribuídos pelas organizadas. Para que os torcedores ‘comuns’ que estivessem com a camisa rubro-negra.
Durante a final de ontem, mesmo com o time massacrando o fraco Nova Iguaçu, por 3 a 0, o coro era para o atacante suspenso.
“Ah…É Gabigol…
“Ah…É Gabigol…”
Além disso, a bandeira enorme, vermelha, com os traços do rosto do jogador, em negro, tremulou durante toda a partida, ao lado de uma, que retratava Zico.
Além disso, a mídia carioca também insistiu no jogador, por saber, que os atletas do clube mais popular do Brasil, não têm o carisma do ídolo.
Gabigol está suspenso por dois anos. Por tentativa de burlar o exame antidoping.
Até então, ele era reserva do time de Tite.
E a direção rubro-negra havia desistido de renovar seu contrato, que vence em dezembro, diante da pedida de salários de R$ 2,5 milhões e luvas de R$ 54 milhões, por um compromisso de mais cinco anos.
Até comprou o atacante Carlinhos, do Nova Iguaçu. Pagou um milhão de euros, cerca de R$ 5,4 milhões, pelo jogador de 27 anos. Foi contratado para ocupar justamente o lugar de Gabigol: ser reserva de Pedro.
Quem pediu o jogador?
Tite…
Suspenso, Gabigol está proibido até de treinar nas dependências do Flamengo, com o time. Ele tem optado por manter a forma em casa. Mas tem à disposição o Centro de Treinamento Zico, do maior ídolo da história do clube carioca.
Zico é o maior defensor público do artilheiro.
Diante dessa comoção em relação ao atacante, Tite se viu obrigado a se posicionar.
A suspensão foi tornada pública na segunda-feira, dia 25 de março.
O técnico, que mantém uma relação apenas profissional, fria, com o jogador que fez questão de não levar para a Copa do Catar, apesar de convocar nove atacantes, não havia dito uma palavra sobre a punição ao ‘seu’ atleta.
E, perguntado na coletiva de ontem, não teve saída.
Falou, mas sem entusiasmo, sem hipotecar confiança na sua inocência.
“O que eu posso fazer agora é ser solidário a ele. Mandei mensagem a ele, a gente quer ele o mais rápido possível de volta, mas quer também que essa situação no aspecto jurídico e direitivo que ela seja resolvida.
“A situação tem as suas particularidades jurídicas no caso, que está sendo analisado. Enquanto departamento técnico, a gente está com ele, os profissionais estão acompanhando, fazendo treino específico dentro da base das leis. Pois tem uma situação legal. A gente está realizando esse aporte importante para que, pós-julgamento, a gente tenha ele de volta.
“Queremos ele de volta…
“Se assim o julgamento determinar…”
A verdade é que Gabigol se tornou um obstáculo para o técnico.
Primeiro, pela parte técnica. Por não saber montar equipes com dois atacantes centralizadores de jogadas finais, como Dorival Junior fazia com Gabigol e Pedro.
Depois, porque Tite não esqueceu o coro que o atacante regeu, contra ele,recheado de palavrões, quando o Flamengo foi tricampeão da Libertadores. E o jogador estava de fora do grupo que foi para a Copa.
Com Gabigol fora do Flamengo, o treinador teria mais tranquilidade para trabalhar. Porque é acossado toda semana com perguntas sobre o aproveitamento do ídolo.
O vice Marcos Braz, que já discutiu de maneira ríspida com Gabigol, também foi pressionado a se posicionar ontem.
“O Flamengo, junto com seus advogados, recorre para o comitê internacional, em que a gente acredita que em um novo julgamento a gente possa acrescentar com mais ênfase e mais certeza os nossos pontos. Mais uma vez, o atleta teve os erros dele, poderia ter amenizado algumas coisas, mas daí ter a punição que teve a gente acha que não procede e é injusto.”
Braz também tentou negar o óbvio.
Que não contratou o atacante Carlinhos para o lugar de Gabigol.
“Nada tem (a ver) com a situação do Gabigol. É um jogador que já estávamos monitorando. A gente fez isso antes das finais porque entendemos que a gente poderia perder o jogador para clube aqui do Rio ou de fora do Brasil.”
Ou seja ‘é só coincidência’ que Carlinhos seja um finalizador, mesma posição de Gabigol.
Pedro é titular absoluto de Tite.
No lugar de quem, Carlinhos irá ficar?
É claro que no de Gabigol.
O ídolo, inteligente, sabe que enfrenta a rejeição de Tite e da diretoria.
E, ontem, enalteceu quem mais o apoia: a torcida.
Em um post caprichado, escreveu nas suas redes sociais.
“Nós. Por Nós. Pelos Nossos.”
Esta foi a legenda da foto das bandeiras com seu rosto e de Zico.
Gabigol contratou o escritório de Bichara Neto, advogado que defendeu Paolo Guerrero, também envolvido em uma briga jurídica com o controle antidopagem da Fifa. E que quase perdeu a Copa do Mundo do Catar, se não fosse a defesa do advogado junto ao CAS, a Corte Arbitral do Esporte.
Assim que terminou o jogo de ontem no Maracanã, o coro não era para os jogadores vencedores da primeira final do Carioca.
Era por um ausente.
E cuja sombra incomoda Tite e a direção rubro-negra.
“Ah…É Gabigol…
“Ah… É Gabigol…”
Cosme Rímoli/ R7