EUA agora querem banir do país câmeras de vigilância fabricadas por empresas chinesas
Os reguladores dos EUA querem banir do país produtos da Huawei Technologies e de quatro outras empresas chinesas de eletrônicos, incluindo câmeras de vigilância amplamente utilizadas por escolas americanas, aumentando a pressão sobre fornecedores de tecnologia que supostamente ofereceriam riscos à segurança.
A Hangzhou Hikvision Digital Technology e a Dahua Technology, cujas câmeras podem ser encontradas em escolas dos EUA e instalações municipais e estaduais, foram citadas em uma ordem emitida pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) nesta quinta-feira.
Também foram citadas a gigante chinesa das telecomunicações ZTE e a fabricante de rádios bidirecionais Hytera Communications.
A proposta proibiria as vendas de equipamentos específicos de telecomunicações e vigilância das empresas em território americano.
A ação da FCC inicia um período de revisão antes de uma votação final sobre o assunto.
— Estamos tomando medidas diretas para excluir equipamentos e fornecedores não confiáveis das redes de comunicação — disse a presidente em exercício da FCC, Jessica Rosenworcel.
Pressão contínua
Na proposta, a FCC disse que também pode revogar sua autorização anterior para equipamentos das empresas, uma medida que pode obrigar escolas e outros clientes americanos a substituir os sistemas de câmeras.
A ação da FCC representa mais um passo após “anos de advertências da Huawei”, disse Derek Scissors, um acadêmico residente do American Enterprise Institute cujo foco inclui as relações econômicas dos EUA com a Ásia.
— Qualquer comprador recente de equipamento de telecomunicações chinês deveria ter pensado nisso antes de adquiri-lo.
A FCC, o Congresso e a Casa Branca fizeram grande pressão para garantir que os equipamentos da Huawei e da ZTE não sejam usados nas redes dos EUA, citando riscos de ciberespionagem que as empresas negam.
Em 2018, o Congresso votou para impedir as agências federais de comprarem equipamentos das cinco empresas agora sujeitas à pressão da FCC. No ano passado, a agência colocou as empresas em uma lista de fornecedores cujos produtos são considerados uma ameaça à segurança nacional.
O que dizem as empresas
A Huawei, que comercializa telefones nos EUA, disse em um comunicado que as medidas propostas pela FCC foram “equivocadas e desnecessariamente punitivas”.
A Hikvision em um e-mail disse que sua designação como uma ameaça não é comprovada e “se opõe fortemente” à medida da FCC. Já a Dahua disse que “não representa e nunca representou qualquer tipo de ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”. E chamou o procedimento da FCC de “injustificado”.
A Hytera disse que seus produtos “não impõem nenhuma ameaça à segurança nacional de qualquer país” e considerou a abordagem da FCC inconsistente com a prática padrão do governo dos EUA para avaliar e mitigar riscos.
Acusações sobre repressão na China
Hikvision e Dahua também foram acusados por autoridades americanas de envolvimento na repressão da China na província de Xinjiang, onde cerca de um milhão de muçulmanos uigures foram colocados em campos de detenção em massa. A China negou repetidamente qualquer acusação de abusos humanos contra sua minoria uigur.
Mesmo assim, as duas empresas continuam sendo as principais fornecedoras de equipamentos de vigilância nos EUA e, juntas, podem vender cerca de 1 milhão de câmeras este ano, de acordo com Conor Healy, diretor do grupo de pesquisa IPVM.
— [Esse tipo de equipamento] ainda é amplamente vendido para governos estaduais e municipais, bem como distritos escolares — disse Healy em uma entrevista.
Cidades têm comprado câmeras nos últimos anos em uma tentativa de aumentar a segurança física após tiroteios em escolas, disse Keith Krueger, diretor executivo do Consortium for School Networking, uma associação para funcionários ligados a tecnologia escolar.
O Globo