Oito ministérios de Lula não têm site oficial; especialistas alertam para falta de transparência
Os novos ministérios de Lula devem custar aos cofres públicos cerca de R$ 2 bilhões
Passados mais de dois meses da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao menos oito ministérios estão sem portal oficial na internet. O levantamento das páginas foi feito com base nas informações divulgadas pelo Executivo federal na aba “órgãos do governo”, que lista o site das pastas.
Não há menção aos seguintes ministérios:
• Cultura
Com 37 pastas, o governo Lula fica atrás apenas do de Dilma Rousseff (PT), que teve recorde de 39. Na gestão anterior, Jair Bolsonaro (PL) contava com 23 ministérios. Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto respondeu, em nota, que “os sites dos novos ministérios estão sendo criados e em breve estarão no Gov.br [portal do governo federal]”.
Os novos ministérios de Lula devem custar aos cofres públicos cerca de R$ 2 bilhões durante os quatro anos de mandato. Os cálculos foram divulgados no fim do ano passado pelo ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro e atual senador da República Ciro Nogueira (PP-PI).
Atualmente, o salário mensal de um ministro é de R$ 31 mil, além de décimo terceiro salário (R$ 31 mil), um terço de férias (cerca de R$ 10 mil) e auxílio-moradia (R$ 7.000).
Apesar do cálculo, Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, garantiu, ainda em 2022, que não haveria aumento de gastos com a ampliação das pastas federais. “Nós vamos buscar melhorar a representatividade, através dos ministérios, sem, com isso, implicar aumento do gasto público.”
“Foi um pedido do presidente que, ao desmembrar os ministérios, não houvesse ampliação de cargos. Ou seja, o custo e o volume de gastos se mantêm independentemente da quantidade de ministérios”, completou.
Na avaliação do advogado e doutor em direito constitucional Acacio Miranda da Silva Filho, a falta de portais oficiais prejudica o acesso da população às informações a respeito da administração do Estado, que devem ser públicas.
“A publicidade se dá por meio do Diário Oficial da União, das redes e dos sites oficiais dos órgãos. A partir do momento em que as informações não são externadas, é natural que a população sofra com o déficit, uma vez que não encontra caminhos para fiscalizar e ter acesso aos atos praticados por aqueles órgãos”, ressalta.
Para o advogado especialista em direito administrativo Rafael Arruda, a falta de canal oficial de órgãos públicos na internet fere princípios da Lei de Acesso à Informação, sancionada em 2011, e da Lei de Conflitos de Interesses, sancionada em 2013. As normas determinam, por exemplo, que as agendas de autoridades públicas, como ministros, devem ser divulgadas na internet.
“Na medida em que novos ministérios tenham sido criados e estejam em pleno funcionamento, inclusive com o provimento de cargos pelos titulares e demais agentes que exercem funções de direção e chefia, as medidas de publicidade e transparência tornam-se mandatórias, não havendo justificativa minimamente razoável para que, passados mais de 60 dias do início da nova administração federal, as informações não estejam acessíveis à população em geral por meio da internet”, afirma Arruda.
R7