I Prêmio IFPB de Audiovisual leva curtas-metragens para a praça
O Anfiteatro da Praça João Pessoa, localizado no centro da cidade de Monteiro, foi palco da exibição dos curtas-metragens vencedores do I Prêmio IFPB de Audiovisual nas categorias de Ficção, Documentário, Animação e Podcast. O evento aconteceu nesta segunda-feira (11), e é parte das atividades que antecedem o Enex 2024. As produções foram divididas em três segmentos: estudantes do IFPB, servidores da instituição e produtores da comunidade externa.
O Prêmio homenageia o teatrólogo e cineasta Eliézer Rolim (in memoriam) e a atriz e educadora Zezita Matos. Antes da abertura da cerimônia, foi pedido um minuto de silêncio por dois servidores que nos deixaram precocemente esta semana, o professor Rômulo Torres e o técnico em audiovisual Mercyo Costa.
Ao receber a homenagem do Enex, Zezita falou da satisfação de ser homenageada em vida. Emocionada, ela relembrou sua trajetória como atriz de teatro, uma carreira que já dura 65 anos, começando pelo teatro de rua e posteriormente com os movimentos sociais, participando de produções teatrais nas cidades onde atuavam as ligas camponesas: Sapé, Mari e Rio Tinto. Por sua atuação política, depois de 1964, ela teve problemas com o Regime Militar, fato que a levou a alterar sua própria identidade para manter-se em liberdade. Como educadora, Zezita foi além das homenagens.
Ela apresentou o Projeto Molduras Poéticas, concebido para ser realizado tanto nas escolas quanto nas ruas. O projeto propõe a leitura de poesias com o objetivo de divulgar esse gênero literário. “Como professora de Língua Portuguesa, acredito que o aluno não deve se limitar a decorar regras, mas também a memorizar autores, ouvir poesia e cantar”, afirmou a artista. Zezita Matos recebeu diversos prêmios por sua atuação em longas e curtas-metragens e participou das telenovelas Velho Chico, Amor de Mãe e da série Onde Nascem os Fortes.
O segundo homenageado da noite foi Eliézer Leite Rolim Filho, que teve uma extensa produção teatral. Ele dominou todas as áreas do teatro, atuando como diretor, cenógrafo, autor e até administrador, coordenando o Teatro Minerva, em Areia, o mais antigo da Paraíba. Após uma trajetória marcante no teatro com cerca de 25 peças, enveredou pelo cinema, dirigindo os filmes “Beiço de Estrada”, que retrata a vida de uma avó dona de bordel e seus dois netos, “Eu sou o servo”, sobre o Padre Ibiapina e “O Sonho de Inacim”, que retrata a vida do padre Inácio de Sousa Rolim, um dos fundadores de Cajazeiras.
Os seus filmes tiveram atuações de artistas consagrados como José Wilker, Jackson Antunes, Darlene Glória, Marcélia Cartaxo e Mayana Neiva. Suas peças mais conhecidas foram “Como nasce um cabra da peste”, “Sinhá Flor”, “Adeus Mamanita”, “Os anjos de Augusto”. Eliézer Rolim também era arquiteto, com pós-doutorado em arquitetura e urbanismo e foi professor da Universidade Federal da Paraíba, de 1993 até 2022 quando faleceu. No YouTube é possível assistir na íntegra o longa “O sonho de Inacim” e o curta “Eu sou o servo”. Eliezer era natural de Cajazeiras e morreu aos 61 anos em decorrência de complicações da covid-19.
A exibição dos curtas-metragens vencedores do I Prêmio Audiovisual começou pelo segmento comunidade externa do IFPB, cujo vencedor foi o Documentário “O caminho do grilo”, de Hipólito de Sousa Lucena, de Campina Grande. Ele relata as dificuldades de uma comunidade quilombola em Riachão do Bacamarte.
Outro vídeo premiado foi o do aluno Joab Cabral, do Campus Princesa Isabel do IFPB, autor da ficção Além das Cicatrizes. O estudante do IFPB contou que a produção do vídeo foi incentivada pela professora Maria Leopoldina, que propôs diversos temas para a produção audiovisual. A ideia era que cada grupo escolhesse um tema para abordar no vídeo. Como Joab e sua colega Lara Rodrigues têm interesse na produção audiovisual, eles decidiram fazer algo relevante para a sociedade e uniram três dos temas propostos: agressão física contra a mulher, abuso contra a mulher e o uso de drogas ilícitas na sociedade.
Confira a programação do Enex aqui.
Texto: Iris Souto Maior – jornalista do IFPB / Fotos: Pedro Bezerra