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Empresário paraibano é vítima de golpe nos EUA e relata prejuízo de R$ 288 mil

16039536280003622710000-300x225 Empresário paraibano é vítima de golpe nos EUA e relata prejuízo de R$ 288 milO empresário paraibano Joselio Pontes, de 46 anos, dono de uma loja de materiais de construção em João Pessoa, disse nessa quinta-feira (14) que foi vítima de um golpe e teve um prejuízo de US$ 72 mil (cerca de R$ 288 com o dólar a R$ 4) ao tentar comprar uma suposta empresa nos Estados Unidos para conseguir morar com a família no país. A tentativa de mudar para os Estados Unidos aconteceu, segundo Joselio, para fugir da violência no Brasil.

Ao Portal , Joselio, que está morando provisoriamente na Flórida junto com os filhos, contou como caiu no golpe.

“O Brasil passa por uma crise de segurança, saúde e educação e isso acontece na Paraíba, onde fui assaltado duas vezes e minha empresa passava por um momento de crise, já que muitos clientes estavam em débito. Eu quis dar um futuro melhor para minha família e, em conversa com um amigo, no mês de abril de 2015, ele me contou que tinha um amigo brasileiro que morava nos Estados Unidos e que esse amigo havia conseguido tirar o green card (visto para morar legalmente e permanentemente nos EUA), através do L-1*[veja mais abaixo], abrindo uma empresa e investindo US$ 500 mil”, contou Joselio.

Joselio, através do amigo, conheceu o suposto empresário dos EUA que queria vender uma loja para o paraibano, de forma que ele conseguisse o negócio naquele país e chegasse ao green card. Esse empresário teria oferecido a loja a Joselio por US$ 90 mil (cerca R$ 360 mil).

“Para se conseguir o visto permanente, através de investimentos empresariais, é necessário investir US$ 500 mil (R$ 1,9 milhão) para abrir um escritório ou ter uma empresa aqui. O rapaz me ofereceu a empresa dele por US$ 90 mil (R$ 360 mil), mostrou toda a documentação da empresa, com faturamento na casa de US$ 1 milhão (R$ 4 milhões) por ano e eu imaginei que seria um bom negócio. Ele também me apresentou o contador da empresa e um advogado, que é paraibano, para que a gente pudesse dar início às negociações”, disse Joselio Pontes.

Foi com a suposta boa proposta para comprar a empresa norte-americana, além da possibilidade de melhorar as condições de vida da família, que Joselio aceitou prosseguir com as negociações, mas esbarrou no pedido de pagamento à vista pela empresa. Em conversas, Joselio e o suposto empresário acertaram o pagamento pela compra da empresa em dez parcelas de US$ 9 mil (R$ 36 mil).

“Eu recebi o convite para conhecer a empresa e viajei para os Estados Unidos em julho, quando definimos o parcelamento e ele me mostrou que havia conseguido o green card através do visto L-1. Acabei fazendo o pagamento da primeira parcela e retornei ao Brasil. Conversei com minha família e, em agosto, fomos todos aos Estados Unidos imaginando que tudo daria certo e seguiríamos nossa vida”, falou Joselio.

Já nos Estados Unidos com a esposa e os filhos, Joselio assumiu os negócios da empresa e solicitou que ela fosse transferida para o nome dele. Porém, o suposto empresário negou a transferência alegando que havia recebido apenas a primeira parcela do negócio.

“Eu entendi o motivo dele, até porque caso eu negociasse minha empresa, não transferiria a documentação se tivesse recebido apenas a primeira parcela. Então tive paciência e recebi a promessa de que a documentação seria agilizada a partir da terceira parcela; só que, após o pagamento da terceira parcela, percebi que o golpista e o advogado, que também é paraibano, começaram a protelar, dizendo que ainda faltavam documentos, mas eu já havia entregado tudo o que haviam pedido”, relatou Joselio.

Em setembro, a esposa de Joselio retornou ao Brasil para tocar os negócios da família na Paraíba. Nesse mesmo período, Joselio reclamou da demora na documentação, mas era “ameaçado” pelo suposto empresário, que alegava que se Joselio voltasse ao Brasil iria perder o direito ao visto L-1 e todo o investimento feito.

Momentos após reclamar da demora na transferência da empresa, Joselio descobriu através de redes sociais que o suposto empresário tinha colocado a loja, a mesma que havia vendido ao paraibano, à venda na internet.

“Ele deve ter pensado que eu não tinha acesso à internet, mas descobri que a empresa, que eu havia comprado, estava à venda. Faltavam duas parcelas para eu concluir o pagamento. A partir daí eu procurei auxílio de advogados norte-americanos e descobrimos que, possivelmente, o suposto empresário faz parte de uma quadrilha que promove golpes em brasileiros que buscam entrar nos Estados Unidos através de investimentos”, relatou Joselio.

Após a descoberta do golpe, o paraibano reuniu documentações e falou que vai entrar com uma ação na Justiça norte-americana contra o suposto empresário, o advogado paraibano e o contador da empresa, que, segundo ele, estariam envolvidos na negociação aparentemente fraudulenta.

“Não sei quando o governo dos EUA vai me liberar para voltar ao Brasil porque estou com o processo em andamento aqui. Estou recebendo ajuda do governo norte-americano para concluir o caso e tentando reaver meu investimento. Vou entrar com uma ação criminal contra os golpistas, mas não sabemos onde eles estão. Posteriormente, vamos acionar a polícia também. A intenção dos golpistas era de me segurar aqui o maior prazo possível, para conseguirem mais dinheiro e depois me falarem que a documentação não havia dado certo, me mandando para o Brasil com todo o prejuízo e sem poder fazer nada”, falou Joselio Pontes.

Questionado se ainda pretende permanecer nos Estados Unidos para conseguir o visto definitivo, Joselio contou que não sabe o que vai fazer, mas reforçou a ideia de permanecer lá apenas de maneira legal.

“Amo o Brasil, amo a Paraíba, mas nossa educação, segurança e saúde são nota zero. Vim em busca de mais segurança e melhorar a vida da minha família. Acabei, em um momento de desespero e fraqueza, caindo em um golpe e ainda não sei o que vai acontecer, não sei a situação atual do Brasil. Quero resolver minha situação e fazer o que é melhor para minha família. Mas também quero deixar o alerta para que os brasileiros que foram vítimas dessas pessoas procurem a Justiça”, concluiu Joselio.

O paraibano de João Pessoa acrescentou que ainda não procurou polícia, Consulado ou Justiça brasileira para pedir ajuda e que está tentando resolver o problema, primeiro, por meio das autoridades dos Estados Unidos.

Entenda sobre os vistos

Visto L-1

O visto L-1 permite que estrangeiros entrem nos Estados Unidos para abrir um escritório/filial de uma empresa internacional já estabelecida. O aplicante deve ser um gerente, executivo ou empregado com conhecimento indispensável e ter trabalhado por pelo menos 1 ano na empresa solicitante (matriz).

Visto EB-5

Esse visto foi criado em 1990 pelo Congresso norte-americano para estimular a economia do país através de investimentos e consequente criação de trabalhos da parte de investidores estrangeiros. Através desse visto, os empresários podem obter green card e se tornar residentes permanentes dos Estados Unidos.

Os investidores estrangeiros interessados no EB-5 devem fazer um investimento de capital em uma entidade empresarial com fins lucrativos dos EUA. O montante de investimento necessário depende da localização e tipo de negócio que receberá o investimento.

Em geral, o investimento de capital deve ser de US$ 1 milhão de dólares cotados ao preço do mercado atual dos EUA. Investimentos realizados em áreas rurais ou locais economicamente deficientes podem se beneficiar de um investimento mínimo de US$ 500 mil. Além disso, os investimentos devem criar no mínimo 10 vagas de trabalho em tempo integral nos EUA por um período mínimo de dois anos.

Portal Correio

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