Hillary e Trump ficam perto de candidatura após prévias desta terça
Campeão nos cinco Estados que realizaram suas prévias partidárias nesta terça (26), Donald Trump ampliou a vantagem sobre os adversários e já avista a candidatura republicana à Casa Branca.
Já a democrata Hillary Clinton venceu em quatro das prévias (Pensilvânia, Connecticut, Maryland e Delaware) e está à beira da consagração. Seu rival, Bernie Sanders, levou só a pequena Rhode Island de consolação, mas é tido como carta fora do baralho, sem chance real de superá-la no saldo de delegados.
Charles Mostoller/Reuters | ||
Pré-candidata democrata Hillary Clinton comemora resultado de prévias em comício na Filadélfia |
O eleitorado americano já selecionou 80% dos representantes que em julho decidirão nas convenções partidárias os dois nomes que se enfrentarão na eleição presidencial de 8 de novembro.
Dos 20% que restam, a maioria só será definida na rodada de 7 de junho, o que deve deixar a decisão republicana para o minuto final.
Ao som de “Start Me Up” (Rolling Stones), Trump usou a “analogia do boxeador” em seu discurso de vitória, em Nova York, no qual se disse “o provável candidato”: se você nocauteia o oponente, sabe na hora que ganhou.
Foi um ataque a Ted Cruz, que chegou a perder por 54,5 pontos em Rhode Island. E um sopapo na cúpula do partido, que alimenta esperança de barrá-lo na convenção.
Com a glória quíntupla, Trump passa a ter 950 delegados, contra 559 de Cruz e 153 de John Kasich.
SEM PAZ NEM AMOR
Uma coisa é certa: teve vida curta a versão “paz e amor” de Trump, orquestrada por seu novo estrategista Paul Manafort.
Após vencer em Nova York, dia 19, ele ensaiou baixar o tom. Até se referiu com respeito ao “senador Cruz” e ao “governador Kasich”. Mas já em Connecticut, ressuscitou o apelido “Ted Mentiroso” e chamou a potencial oponente de “Hillary Trapaceira”.
Brendan McDermid – 25.abr.2016/Reuters | ||
Pré-candidato republicano Donald Trump fala durante comício em Wilkes-Barre, Pensilvânia |
A quem espera bandeira branca, avisou: “Se eu fosse mais presidenciável, vocês dormiriam”. E após vencer, questionou os jornalistas: “Estes dois caras [Cruz e Kasich] não podem mais ganhar. Por que eu mudaria?”
A votação desta terça ajuda a entender por que Trump prefere a velha e irascível forma, desistindo de se reconciliar com os caciques.
Ele varreu as urnas na rodada em que a Pensilvânia era o pote de ouro da noite, com 71 dos 172 delegados em jogo. Mas, apesar de ter o voto popular, Trump pode ser “traído” pelos representantes partidários locais.
Cada Estado tem suas regras, e na Pensilvânia o eleitor vota primeiro no candidato e depois em três delegados de seu distrito eleitoral.
O vencedor nas urnas conquista 17 representantes, obrigados a votar nele em julho. Mas restam 54 delegados avulsos, que apoiam qualquer um dos três nomes. Na prática, Trump só saberá se colheu os frutos da Pensilvânia na convenção.
Diante disso, há dias Trump repete que o sistema é “viciado”, acusação retomada segunda, após a anunciada aliança entre Kasich e Cruz –alvo de críticas de analistas pela fragilidade.
A dupla combinara, para a reta final, que Kasich abdicaria de Indiana, e Cruz, de Oregon e Novo México, tentando fortalecer um ao outro e evitar que Trump some os 1.237 delegados necessários para ser candidato e se livrar da “convenção disputada” (quando os delegados não seguem as prévias estaduais).
Seus rivais dependem agora de Indiana, que vota dia 3 e dá 57 delegados ao campeão. “É um dos Estados mais conservadores, evangélico [como Cruz]. Se não detiverem Trump lá, não o deterão em nenhum lugar”, diz o consultor político Larry Ceisler.
Já Hillary, que para selar a candidatura precisa conquistar agora só 1 de cada 5 delegados que faltam, fez um aceno ao senador por Vermont, mirando seu apoio na eleição geral. “Mais coisas nos unem do que nos dividem.”
Ela, que criticou Wall Street nesta terça, recebeu o afago improvável de Charles Koch, dono da nona maior fortuna do mundo em 2016, segundo a “Forbes” (US$ 43,5 bilhões), e financiador de vários lobbies conservadores.
Para Koch, em declaração recente à rede ABC, é “possível” que Hillary seja mais palatável do que qualquer republicano ainda na corrida –visão ecoada por muitos conservadores moderados.
Nada disso, porém, a livra de Sanders, a quem interessa levar o duelo até a convenção partidária, diz Ceisler. “Ele sabe que não será candidato, mas quer passar seu recado e fazer com que ela adote parte de seus planos.”
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