Campeonato insiste em dar chances, mas Atlético-MG tem apatia e postura de meio de tabela
Se o Atlético-MG e a taça do Brasileirão fossem um potencial casal, o Galo 2020/21 poderia, sem dúvida, receber a alcunha de lento, sem atitude. O troféu deu condições. Flertou. Deu sinais. Abriu (várias) brechas. E faltou postura ao Alvinegro, que parece ter mentalidade totalmente fiel ao objetivo mais palpável traçado no início da competição: a classificação direta à fase de grupos da Libertadores.
Foram dois “presentões” que o campeonato deu ao Atlético. Duas grandes oportunidades consecutivas. Na 34ª rodada, tropeço do líder Inter e jogo contra o Goiás, integrante do Z-4. Jogo fraco, sem criatividade e com falhas graves. Resultado: derrota. Parecia ter sido o último “mole” dado pela Série A, mas não foi.
Ela insistiu e deu nova chance ao Galo na rodada seguinte. O Flamengo apenas empatou. O Inter perdeu. Em caso de vitória, o Atlético poderia até assumir a liderança no fim de semana, quando recebe o Bahia. Mas faltou postura de time que quer chegar lá. E, indiscutivelmente, falta futebol nos jogos fora de casa. O time é outro.
Contra um Fluminense organizado, é verdade, o Atlético teve comportamento apático, lento, em alguns momentos até preguiçoso. Foram poucos os jogadores que demonstraram ímpeto e intensidade de quem joga uma final. Porque é isso que o jogo no Maracanã era: uma final. E o Galo se comportou como se fosse um duelo para cumprir tabela, entre dois times da parte intermediária da classificação. O empate sem gols (veja os lances no vídeo no topo do texto) ilustra bem o ânimo demonstrado.
Além do grave problema postural, houve também dificuldades técnicas e táticas. Vários jogadores estavam em noite sem inspiração. Vargas, por exemplo, nada produziu. No meio-campo, como um todo, faltou criatividade, ousadia. Faltou quase tudo. Não fosse Everson, que fez duas grandes defesas, o time poderia sair do Maracanã sem nenhum ponto.
Sampaoli também merece (e precisa) ser cobrado. O ataque já havia sido inoperante em Goiânia, mas o argentino deu nova chance ao mesmo trio (Savarino, Vargas e Sasha), por mais que tenha admitido, na coletiva pós-jogo, que Marrony entrou bem no segundo tempo. Com Vargas inoperante durante os 45 minutos iniciais, visivelmente desligado, a substituição poderia acontecer mais cedo. Foi feita só aos 16 da etapa final, quando o time teve ligeira melhora. Não o suficiente para vencer.
O objetivo mais modesto provavelmente será atingido. Pensando em briga por G-4, segurar o Fluminense no Maracanã foi bom resultado. Apesar de tudo isso, o torcedor tem motivos, sim, para se chatear com a atuação. O atleticano já viu, algumas vezes desde 1971, o time se esforçar pela taça e não alcançar. Mas nunca viu, de forma tão explícita, a taça se oferecer e ser recusada.
Globo Esporte