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Menino autista é aprovado em Direito e terá o pai como colega de classe

8ol8jjbia5sdwl306b2iej6jf-300x188 Menino autista é aprovado em Direito e terá o pai como colega de classeAs boas notas na escola, os muitos livros que devorou durante a adolescência e a convicção de que gostaria de cursar Direito após assistir como ouvinte a uma aula de Direito Penal não deixavam dúvidas de que Lucas Weberling seria aprovado no vestibular enquanto terminava o Ensino Médio.

Outra certeza do capixaba de 18 anos é quem será seu colega inseparável na sala da Faculdade Doctum, na Serra: seu pai, Luis Felipe Soares, que foi aprovado em outra instituição e pediu transferência para a classe do primogênito.

Aos 12 anos, Lucas teve o diagnóstico tardio de Síndrome de Asperger, uma forma mais branda de autismo. “Desde novo ele sempre foi muito inteligente, mas muito sozinho. Não sabia se socializar, se defender. Aos 8 anos foi diagnosticado com TDAH (Déficit de Atenção com Hiperatividade), mesmo não sendo hiperativo nem desatento, ao contrário, prestava atenção em tudo”, conta Viviane Weberling, mãe de Lucas.

 “Passei a incentivá-lo em casa dando livros de presente e sempre o deixando muito à vontade para fazer o que interessasse. A única coisa que nunca permiti foram os momentos de ele ficar sozinho, que é típico da doença”, diz a mãe

Na escola ele era sempre incentivado pelos professores que o consideravam muito inteligente até o diagnóstico ser apresentado. Então a cena mudou e Lucas passou a ser aluno de inclusão. A partir daí o incentivo partiu de dentro de casa. Como ele não gostava muito de brincar, uma das suas atividades preferidas era ler e foi nisso que os pais investiram.

“Passei a incentivá-lo em casa dando livros de presente e sempre o deixando muito à vontade para fazer o que interessasse. A única coisa que nunca permiti foram os momentos de ele ficar sozinho, que é típico da doença. Sempre fizemos tudo em família, desde comer até assistir desenho na televisão”, diz Viviane. “Além disso, sempre conversei muito com ele sobre o autismo, sobre como a sociedade é preconceituosa e que muitas pessoas não iriam aceitá-lo. E que ele precisava se aceitar antes de tudo”, completa.

Com esse apoio, Lucas continuou tirando boas notas na escola, tornou-se autoconfiante e passou no vestibular fazendo a mesma prova e tendo o mesmo tratamento dos demais concorrentes. Viviane, que é advogada, acredita que ele escolheu o curso de Direito porque a via estudando e se interessou. Inclusive frequentou como ouvinte as aulas na faculdade em que ela estudava, e a primeira que assistiu foi a de Direito Penal.

“Normalmente ele ficava bem concentrado e no final da aula dava parabéns para o professor. Se perguntássemos alguma coisa da aula para Lucas, ele respondia tudo com detalhes”, lembra Luciana Lemos, colega de sala de Viviane.

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Reprodução

Luis Felipe e Lucas: pai e filho na mesma sala de aula

Pai e colega

A aprovação do filho na faculdade resgatou a vontade de Luis Felipe voltar a estudar e de quebra ele ajudará o garoto a superar alguns obstáculos.

“Ficamos com medo porque o curso é à noite e para algumas coisas ele não tem muita maturidade para fazer sozinho, como pegar ônibus. Foi aí que tivemos a ideia dele estudar com o Lucas. O Luis foi aprovado em outra faculdade e pediu transferência, agora eles estão matriculados na mesma sala”, diz Viviane.

A dupla terá de se dedicar bastante aos estudos porque Lucas já traçou uma nova meta: quer tornar-se juiz.

Ig

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