Preço do feijão bate recorde e espanta consumidores
O preço do feijão carioca disparou nos últimos dias em Minas Gerais após uma queda de até 30% na produção da segunda safra. No estado, a saca de 60 quilos atingiu o maior valor desde 2008, chegando a R$ 480,00 e já vem influenciando na compra do consumidor final, que reclama da alta contínua.
Para o marceneiro Ademir Alves, o aumento do produto é um “absurdo”. “Há um mês eu paguei R$ 5 no feijão ligeirinho e agora ele já está custando R$ 10. São 100% no aumento, é um absurdo”, disse o consumidor, que acaba comparando muito para não ter que tirar o produto do cardápio.
Um dos fatores que explicam o aumento nos preços é a baixa oferta do produto no mercado. Em Minas Gerais, segundo maior produtor de feijão do Brasil, são cultivadas três safras do grão por ano, sendo que a primeira delas, colhida em fevereiro, teve queda de 20% na produção.
“A gente sempre planta o feijão contando com um pequeno veranico que vem em janeiro, mas esse ano foi diferente: quando chegou janeiro, nós tivemos 25 dias de chuva intensa e, com isso, o grão amarelo, foi apodrecendo e perdemos quase tudo”, disse o agricultor Francisco Gonçalves da Silva.
Com essa quebra na primeira safra, a expectativa fica sobre a segunda colheita, que começa neste mês. A previsão inicial é de que sejam produzidas 65 mil toneladas de feijão, mas o clima não ajudou mais uma vez e a safra deve ser bem menor.
“Nos meses de abril e maio, Minas sofreu muito com a falta de chuvas e isso prejudicou a produtividade da lavoura, então nós estimamos uma queda de 20% a 30% nesta segunda safra de feijão. Tem produtor colhendo em torno de 15 sacas por hectare e a produção média do estado é de 30 a 40 sacas por hectare”, avaliou o analista de mercado Auro Nagay, da Bolsinha Informativos.
A queda de produtividade reflete diretamente nos preços. A saca de 60 quilos do feijão carioca, uma das variedades mais consumidas no país, era comercializada a R$160,00 em junho de 2015 e hoje, o mesmo produto, é vendido a R$480,00.
De acordo com o analista, a tendência de preços em alta deve continuar no segundo semestre. “O mercado vai ser firme até dezembro, ou seja, o produtor que plantar vai conseguir rentabilidade até porque não há sobras, o que existe no mercado está sendo consumido. o mercado vai ser firme, mas não nesses preços que estão sendo praticados atualmente, até porque está totalmente fora da normal”, concluiu.