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BATIDA DE RURAL Por Nal Nunes

BUTECO DE FEIRA

BATIDA DE RURAL Por Nal Nunes

timthumb-13-300x218 BATIDA DE RURAL Por Nal NunesDurante os anos sessenta até o final dos anos oitenta, a praça de táxi da linha  Monteiro à Sertânia era formada exclusivamente por rural. Entre tantos motoristas “fichados” naquela velha linha estava o cuidadoso Antônio Feliciano, conhecido pelo excesso de zelo que aplicava na sua mais recente rural comprada com muito esforço. Era realmente um automóvel de chamar a atenção e quase sempre o mais preferido pelos passageiros.

Antônio Feliciano todo final do dia, no retorno das viagens de Sertânia procurava o enjoado mecânico de Monteiro que atendia pela alcunha de Paulo Cacetão. Era com certeza um dos melhores mecânicos de Monteiro, mas também conhecido pela brutalidade e pelos palavrões que chamava quando consertava os automóveis. Mulher nenhuma ousava consertar seu carro com o pilherento Paulo Cacetão. O homem era praguejador!

No entanto, Antônio Feliciano não levava em conta os abusos de Paulo Cacetão. Todo final do dia estava lá para ajeitar qualquer coisa que produzisse o menor ruído, por pequeno que seja, o que importava era que a rural não tivesse nenhum tipo de batida, nenhum grilo.

Mais um final de rotina da péssima estrada de Monteiro a Sertânia e lá estava novamente Antônio Feliciano na oficina de Paulo Cacetão:

-Tá tudo bom Paulo? Ói eu vim aqui que a rural tá com uma batidazinha desse lado direito, eu acho que é no para-choque ou no para-lama, ajeita aí Paulo.

-Ô Antônio, tú quer saber de uma coisa?

-Pois não Paulo, pode dizer!

-Batida de rural é como catinga de cú…!

-Oxente! Como assim Paulo?

-A gente toma banho e na mesma hora o cú já bota prá feder!!!!

Antônio Feliciano saiu meio desconfiado e tratou logo de procurar um novo mecânico.

 

 

VERSO DO DIA

E o verso de hoje é um mote do poeta/cantor/compositor ZETO ( marido de Bia Patriota – filha de Lourival Batista do Pajeú) onde ele constrói uma estrofe e eu outra.

O BATENTE DE PAU DO CASARÃO

DE BRAÚNA FOI FEITO ESTE BATENTE
BEM SENTADO NO CHÃO POR UM PEDREIRO
CADA MARCA EM SEU CORPO É UM JANEIRO
QUE LHE DEIXA PRUM LADO MAIS PENDENTE
MESMO ASSIM RIJO, FORTE E RESISTENTE
SE ESCALDA NOS DIAS DO SERTÃO
E O PASSADO LHE TRAZ RECORDAÇÃO
DO BARULHO DE ESPORAS E CHOCALHOS
QUE FIZERAM COM O TEMPO ESSES MIL TALHOS
NO BATENTE DE PAU DO CASARÃO

ZETO

O BATENTE QUE NÓS DE NAMORAVA
ERA DURO MAIS A NOITE ERA MACIA
NESSE ASSENTO EU SENTAVA COM MARIA
ERA O CANTO QUE A GENTE MAIS AMAVA
MUITAS VEZES NO SEU COLO ME DEITAVA
PRÁ SENTIR NO SEU PEITO A PULSAÇÃO
OS SEGREDOS DO BATENTE VIVERÃO
NOS AMORES QUE SÓ ELE ASSISTIA
EU ME ESCANCHO  NA SAUDADE TODO DIA
NO BATENTE DE PAU DO CASARÃO.

NAL NUNES

O Pipoco

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