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O PEIDO DE BATATA Por Nal Nunes

nalnunesnova2-300x217-300x217 O PEIDO DE BATATA  Por Nal Nunes

Gilvan Alves (mais conhecido por Batata) é um magricela sorridente, engraçado, feioso e presepeiro lá da Rua dos Pereiros em Monteiro-PB. Era um cabra afamado na arte de bater tijolo e muito conhecido pelo uso constante de uma cueca zorba, a famosa “testa de touro” que fazia questão de mostrar a parte superior (o cós) na época em que era comum por essas bandas vestir calção ou samba-canção como vestimenta íntima. Era uma cueca alaranjada que reinava superior a famosa calça top dos anos setenta, e que Batata fazia questão de exibi-la, mesmo sabendo que a parte inferior, a que acomoda os testículos já não existia mais.

Mais Batata, era famoso de verdade devido os peidos que soltava. Ele costumava dizer que ninguém se comparava a ele quando o assunto era peido fedorento. Dizia com segurança que o único peido parecido, com aroma semelhante, era o do compadre Fernando Ozana, que morava próximo de sua casa e era o seu fiel companheiro, no peido e no tijolo, eles estavam sempre no pódio dos campeões.

Certo dia, os dois afamados peidadores, resolveram ir ao Cine Galdino assistir ao filme do Tarzan. Era o ponto de encontro da elite monteirense que aproveitava o escurinho do cinema para dar o primeiro beijo na namoradinha acanhada ao sabor da bala gelles.

Batata, como um cabra suburbano, se achava diminuído pela falta de sucesso no ambiente fechado do cinema elitizado. A vigilância dura era cravada pela luz investigadora da lanterna do policial Carrabé. Era uma espécie de Coronel do Cinema, todo mundo tinha medo dele. Quando havia filme de sexo, e durante a cena mais quente, se chamasse “nome feio” era imediatamente expulso do Cine Galdino, arrastado pelo fundo das calças, Carrabé não perdoava ninguém.

A filha de Zé do foto assistia concentrada a tela produzida pelo competente operador Tenente Simões, sentada deslumbrante entre as presenças de Batata e Fernando Ozana. Ela, uma moça muito elegante, educada, inteligente e muito fina, porém, tinha uma deficiência, não falava.

No apagar das luzes para dar início à reprodução cinematográfica, Batata vira a bunda em direção a moça, bate no pé do bucho e arrocha sua primeira descarga. Fernando Ozana, sem querer passar por baixo, na mesma direção, repete com precisão, um peido que rompeu o silêncio ensurdecedor.

A pobre moça grã-fina se agarrou a japona que estava em seu colo e leva ao nariz tentando inutilmente escapar da fedentina. A plateia do ambiente fechado, vítima da podridão absoluta, explodiu seu grito de repugnância. E o valente Carrabé, atento ao caso, acende e apaga a lanterna, a procura do dono do peido, sinalizando ordem e respeito no recinto.

Mais vinte minutos de filme e a zabumba do bucho de Batata não para de bater, com a resposta imediata do companheiro Fernando Ozana. E tome peido cruzado em cima da pobre moça!

Naquele silêncio infinito, um grito assustador quebra a concentração de todos:

ÔÔÔÔÔÔôôôôôô…Naaaaaaaaabééééééé…!

Ligeiro como um raio, Carrabé focou a lanterna na cara da pobre vítima, que abanava seu rosto desesperadamente e já apontava para o suspeito do crime peidatório.

-Tenha vergonha seu Batata! Eu já sabia que era você… eu já conheço esse fedor seu fato de preá…, cabra nojento! Esteje preso seu safado!

A sorte de Batata foi a velha cueca testa de touro, que quando Carrabé o arrastou pelo fundo das calças, ficou só com o cós alaranjado na mão. Batata sumiu com peido e tudo.

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O Pipoco

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