EUA confirmam que Coreia do Norte lançou míssil intercontinental
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, admitiu nesta terça-feira (4) que o míssil testado pela Coreia do Norte poucas horas antes era um artefato balístico intercontinental, o que coloca a tensão com o programa de armamentos de Pyongyang em um novo patamar pelo fato de, em tese, o projétil ter capacidade de atingir os EUA.
Inicialmente, o Pentágono dizia acreditar que se tratava de um míssil de alcance intermediário, ou seja, incapaz de ameaçar o território americano. No comunicado, Tillerson não deu detalhes sobre o alcance do projétil testado, mas especialistas estimam que o Hwasong-14 poderia atingir alvos a até 6.700 km, pondo o Estado americano do Alasca em seu raio de alcance, mas não o território principal dos EUA.
O secretário cobrou uma “ação global para deter uma ameaça global”. Segundo ele, “todos os países devem demonstrar publicamente à Coreia do Norte que haverá consequências em sua busca por armas nucleares”.
AFP | ||
O ditador Kim Jong-un comemora o lançamento do míssil Hwasong-14 nesta terça-feira (4) |
A reação americana vem após China e Rússia fazerem uma proposta para que as Coreias e os EUA aceitem um plano para reduzir as tensões provocadas por Pyongyang.
Pelo pacto sugerido por Pequim e Moscou, o ditador Kim Jong-un suspenderia seu programa de mísseis, ao passo que Seul e Washington declarariam moratória simultânea nos exercícios de grande escala com mísseis.
A proposta, porém, já recebeu um duro golpe com o anúncio dos EUA de que suas forças fizeram um teste conjunto com Seul, lançando mísseis que caíram em águas sul-coreanas. O exercício foi uma demonstração de poder de defesa diante do lançamento norte-coreano.
Antes de ser confirmado o longo alcance do projétil, o presidente dos EUA, Donald Trump –que já dissera ter acabado a “paciência estratégica” do país com Pyongyang–, criticara o teste.
“Este cara [Kim Jong-un] não tem nada melhor para fazer da vida? É difícil acreditar que a Coreia do Sul e o Japão vão aguentar isso por muito tempo. Talvez a China pressione a Coreia do Norte e acabe com esta besteira de uma vez por todas!”, escreveu Trump numa rede social.
Na manhã desta quarta (5) em Pyongyang, Kim afirmou que o míssil foi um “presente aos bastardos americanos pelo Dia da Independência (4 de Julho)”, de acordo com a agência estatal KCNA.
O lançamento ocorre também a poucos dias da cúpula de líderes do G20, que será realizada na Alemanha. No encontro, os líderes de EUA, China, Japão e Coreia do Sul devem discutir maneiras de controlar Pyongyang.
TESTE
Horas após os sistemas de segurança da Coreia do Sul e do Japão terem detectado um projétil, o regime de Kim Jong-un disse que o teste foi concluído com sucesso e que o míssil seria “capaz de atingir qualquer ponto da Terra”.
De acordo com Pyongyang, o artefato subiu a uma altitude de 2.802 quilômetros antes de cair no mar do Japão, a 933 quilômetros da base de lançamento de Banghyon, no oeste do país. O tempo de voo foi de 39 minutos.
O regime afirmou que o míssil seria capaz de carregar uma ogiva nuclear “grande e pesada”, mas ainda é incerto se o país tem tecnologia suficiente para lançar mísseis com artefatos atômicos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||