Projeto ‘Da Roça à Mesa’ oferece tecnologia à produção de agricultores
Cerca de 100 pessoas entre famílias agricultoras, realizadores, parceiros e apoiadores do Projeto ‘Da Roça à Mesa – Tecnologias Sociais Gerando Autonomia e Renda no Semiárido Paraibano’ estiveram reunidas, na manhã desta sexta-feira (19), na Comunidade Jenipapo de Cima, município de Puxinanã, no Agreste Paraibano, para o lançamento da nova fase da iniciativa.
O projeto vai beneficiar 30 famílias, um total de 150 pessoas, com a implantação de tecnologias como sistemas de reuso de água, biodigestores, fogões ecológicos e barragens de base zero, além de promover formações e intercâmbios entre as famílias agricultoras locais.
O da “Roça à Mesa” é uma iniciativa da organização não governamental Centro de Ação Cultural (Centrac), que busca apoiar e qualificar a produção de famílias agricultoras em transição agroecológica com potencial para a comercialização. Em 2015, o projeto apoiou famílias agricultoras de Aroeiras, no Agreste paraibano, contribuindo com a constituição da primeira feira agroecológica do município.
A ação, desde o seu início, conta com recursos financeiros da Fundação Banco do Brasil (FBB) e com o apoio do Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD), agência de cooperação internacional francesa, por meio da plataforma Programa Mercosul Social e Solidário (PMSS), da qual o Centrac faz parte.
O lançamento aconteceu no terreiro do casal Zilda Araújo Tavares e Ademar Pereira Tavares. Na propriedade ainda vivem dois dos três filhos do casal, mais uma nora e dois netos. A família tem uma criação de 10 animais, sendo quatro vacas, quatro bois e dois bezerros. Ela será beneficiada com a construção de um biodigestor, tecnologia que é abastecida com os dejetos (fezes) dos animais, e por meio da fermentação e da atividade de bactérias, gera o gás metano, ou gás de cozinha, que é levado até o fogão da casa por meio de uma mangueira, dispensando a compra do botijão. O subproduto ou parte sólida, ainda serve de adubo para hortas.
A agricultora deu o seu depoimento ao dar as boas-vindas aos presentes: “Hoje, nós agricultores, podemos dizer que somos ricos, pelo que a gente já passou. Antes de ter acesso a essas tecnologias e esses conhecimentos, a gente sofria demais, a gente pegava água nos barreiros, se chovia hoje de noite, a gente já tinha que acordar de madrugada para ver se pegava uma água melhorzinha. Essas cisternas foram muito bem vindas, é uma satisfação muito grande para nós ter essa conquista”, disse.
O sistema é capaz de acumular 1000 litros de água por semana, o que dá a quantidade de uma cisterna de 52 mil litros por ano, só de água servida.
O ‘Da Roça à Mesa’ busca incentivar a autonomia das mulheres, entre os 150 agricultoras e agricultores beneficiários direitos, 60 são jovens e 80 mulheres. Cícera Maria Ferreira tem 82 anos, ela e a filha Maria Luiz Ferreira, vivem na mesma casa, no Sítio Espinheiro, em Puxinanã. A agricultora aguarda ansiosa a construção do fogão ecológico: “Eu trabalho na roça, mas não largo do meu fogão, com esse eu e minha filha vamos fazer doces e bolos, não vejo a hora”, disse.
A tecnologia usa pouquíssima lenha, sendo alimentado com gravetos, contribuindo assim para a conservação da caatinga e gerando menos fuligem, com mais eficiência.