Lula enfrentará ‘inverno rigoroso’ até eleição, creem petistas
A mais recente derrota de Lula no Supremo marca o início de um “inverno rigoroso”, nas palavras de um dirigente do PT. O ex-presidente completou 32 dias na prisão com caminhos jurídicos cada vez mais escassos, mobilização enfraquecida e uma pressão crescente pela ativação de um plano B para a eleição.
Os principais aliados de Lula mantinham alguma esperança de que o líder petista fosse solto três ou quatro semanas depois de ser levado para a cadeia. Acreditavam que a prisão cumpriria um papel simbólico nesse período e ele poderia voltar às ruas fortalecido.
Esse tempo passou e o voto de Gilmar Mendes que formou maioria no Supremo contra um pedido de liberdade do petista, nesta quarta (9), fechou a porta. Sua defesa ainda mira o STJ, mas estima que o julgamento de recursos na corte levará meses.
O PT agora enfrenta uma encruzilhada com o discurso de manutenção da candidatura de Lula à Presidência. Se o partido sustenta que o processo contra seu líder tem o objetivo de tirá-lo da eleição, fica cada vez mais frágil a crença de que ele poderá participar da disputa.
O receio de alguns integrantes da cúpula do PT é que o tempo esfrie o poder de transferência de votos de Lula para o candidato escolhido para substituí-lo. Eles buscam preservar esse potencial ao se esforçar para mantê-lo em evidência, interditando qualquer debate sobre o lançamento de nomes alternativos.
Nessa linha, as cobranças internas pela abertura de negociações com Ciro Gomes (PDT) ficam sufocadas. As pontes entre os dois lados continuam rompidas, e a direção petista só admite apoiar o ex-ministro no segundo turno —caso ele chegue lá e o PT esteja eliminado.
Desde que Lula foi preso, em 7 de abril, a tímida militância que foi às ruas em sua defesa minguou. Aliados também reclamam que as emissoras de TV reduziram a cobertura do caso, “congelando” a exposição do ex-presidente. Foi difícil preservar a temperatura nesse primeiro mês, e ainda faltam 150 dias para a eleição.
FOLHA