As notícias de desvios de recursos públicos dos Fundos Partidário e Especial de Financiamento de Campanhas através do financiamento de candidaturas laranjas tem se proliferado por todos os partidos e localidades do país.
Inclusive São João do Tigre, no Cariri Paraibano, entra na mira de suspeitas ou minimamente chama a atenção o volume de recursos de candidatura que alcançou meros 531 votos na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba.
Enquanto a candidata Lourdes Paixão (PSL/PE) ganhou repercussão na imprensa nacional, estopim da primeira crise na cúpula do governo de Jair Bolsonaro (PSL), por ter recebido R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) repassados pelo o partido e obtendo apenas 274 votos na disputa por uma vaga na Câmara Federal, inclusive motivando a primeira baixa na equipe do novo governo (o Secretário Geral da Presidência Gustavo Bebianno, foi demitido na última segunda feira), o município de São João do Tigre pode vir a ser palco de mais um escândalo político no país.
Candidata a Prefeita de São João do Tigre nas eleições de 2016 e sofrendo expressiva derrota diante do atual prefeito Célio Barbosa (PSB), reeleito com 73% dos votos válidos, Sandra Maria de Freitas Mendes (PR), posteriormente candidata a Deputada Estadual nas eleições de 2018, obteve uma das mais inexpressivas votações na disputa por uma das 36 cadeiras do parlamento estadual
O mais curioso em relação às duas candidaturas não são os resultados pífios obtidos nas urnas, e sim, os valores aportados à campanha de 2018.
Segundo informações constantes no Sítio do Tribunal Superior Eleitoral, a campanha da então candidata Sandra Mendes, teria recebido dos referidos fundos, via Diretório Nacional do Partido da República (PR) ao qual é filiada, a quantia de cerca de 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Para se ter uma ideia da discrepância entre os valores recebidos e os votos obtidos, o Deputado Estadual reeleito com 34.813, João Henrique (PSDB), teve aportados à sua campanha R$ 231.408,34 (duzentos e trinta e um mil, quatrocentos e oito reais e trinta e quatro centavos).
Ou seja, a campanha do deputado recebeu aproximadamente R$ 664 (seiscentos e sessenta e quatro reais) por voto obtido, enquanto que Sandra recebeu aproximadamente R$ 18.832,00 (dezoito mil, oitocentos e trinta e dois reais) se relacionados os 531 votos recebidos em todo o estado.
Ainda, relacionando as duas campanhas, enquanto que dos valores aportados à campanha do Deputado João Henrique, 43,21%, ou seja R$ 100.000,00 (cem mil reais), são de doações do próprio candidato e, outros R$ 93.425,00 (noventa e três mil, quatrocentos e vinte e cinco reais), 40,37%, foram doados pela sua esposa, a Deputada Federal Edna Henrique, mostrando que o casal Henrique financiou a quase totalidade de sua própria campanha, enquanto que a candidata Sandra Mendes financiou 0% de sua campanha com recursos próprios, já que 100% dos valores recebidos são de origem pública.
As últimas denuncias de desvios de recursos do Fundo Partidário, através de candidaturas laranja, sobretudo de mulheres, tem levantados uma série de suspeitas e críticas, principalmente quando se relacionam os votos obtidos e os valores recebidos e gastos pelas campanhas em questão.
Há graves suspeitas de que em todo o país, além dos partidos estarem utilizando as mulheres simplesmente para cumprir com a obrigatoriedade de cota feminina de candidaturas, sem de fato estarem concorrendo ao cargo a que foram candidatas, as volumosas quantias possam está sendo utilizadas para bancar campanhas de terceiros ou outros tipos de desvios.
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