Americana é primeira estrangeira a ter morte por coronavírus confirmada na China
Uma cidadã norte-americana de 60 anos que estava internada em Wuhan se tornou a primeira vítima não chinesa do coronavírus. Um japonês também morreu neste sábado (8) com sintomas da doença. A epidemia do coronavírus se aproxima, em número de vítimas, da pandemia da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
A embaixada dos EUA em Pequim informou que um cidadão norte-americano diagnosticado com coronavírus morreu no Hospital Jinyintan, em Wuhan, na China, o epicentro do surto de vírus, na quinta-feira (6). “Oferecemos nossas sinceras condolências à família pela perda”, disse o porta-voz. “Por respeito à privacidade da família, não temos mais comentários”. De acordo com o New York Times, a vítima é uma mulher.
Um japonês hospitalizado com pneumonia em Wuhan também morreu após sofrer sintomas semelhantes aos da gripe, disse o Ministério das Relações Exteriores do Japão. O homem de 60 anos era suspeito de ter sido infectado com o coronavírus, mas devido a dificuldades no diagnóstico, a causa da morte foi dada como pneumonia viral, disse o ministério, citando autoridades médicas chinesas.
Até o meio-dia de quinta-feira, 17 estrangeiros estavam sendo colocados em quarentena e tratados para a doença na China, segundo dados do governo.
O número total de mortos na China continental subiu em 86 neste sábado (8), chegando a um total de 722 desde o início do surto. Assim, o saldo de mortos pelo novo coronavírus está prestes a passar as 774 mortes registradas globalmente durante a pandemia de 2002-2003 da Sars, causada por outro tipo de coronavírus que migrou de animais para humanos na China.
Durante o surto de Sars, entre novembro de 2002 e julho de 2003, o número de casos notificados foi de 8.098, sugerindo uma taxa de transmissão muito menor deste coronavírus, mas com uma taxa de mortalidade mais alta.
Até agora, apenas duas mortes foram relatadas fora da China continental – em Hong Kong e nas Filipinas – de cerca de 332 casos em 27 países e regiões. Ambas as vítimas eram cidadãos chineses.
“É difícil dizer quão letal é essa nova infecção por coronavírus”, disse o professor Allen Cheng, especialista em doenças infecciosas da Universidade Monash, em Melbourne. “Embora a mortalidade bruta pareça estar em torno de 2%, é provável que muitas pessoas infectadas não tenham sido testadas. Provavelmente ainda não conheceremos a verdadeira fatalidade do caso por algum tempo.”
Autoridades de Hubei registraram 81 novas mortes, 67 delas em Wuhan, uma cidade sob virtual bloqueio. Em toda a China continental, excluindo as 2.050 pessoas que se recuperaram e as que morreram, o número de casos pendentes foi de 31.774.
A autoridade de Pequim isolou cidades, cancelou voos e fechou fábricas para conter a epidemia, com efeitos negativos para os mercados globais e negócios dependentes da segunda maior economia do mundo.
As notícias da morte de Li Wenliang, um médico que despertou o alarme sobre o novo coronavírus, despertaram a tristeza e indignação nas mídias sociais chinesas e reacenderam memórias de como Pequim demorou a contar ao mundo sobre o surto de Sars.
Li, que sucumbiu à doença em um hospital de Wuhan, estava entre as oito pessoas repreendidas pela polícia na cidade por espalhar informações “ilegais e falsas” depois que ele compartilhou os detalhes do vírus com os colegas.
FOLHA