Morando na Paraíba desde o início deste ano, pelo menos 40 indígenas venezuelanos da etnia warao foram diagnosticados com Covid-19.
Eles fazem parte de um grupo de 174 refugiados que chegou da Venezuela no início deste ano. Sem emprego, a maioria passou a viver em alojamentos improvisados e perambulavam pelas ruas de João Pessoa. As crianças indígenas apresentavam um quadro de subnutrição.
Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, os indígenas foram acolhidos em abril no Centro Social Arquidiocesano São José, espaço da Igreja Católica no centro da capital paraibana.
Desde então, começaram a ser testados para a Covid-19 e ser orientados a usar máscaras e adotar medidas de isolamento. “É uma situação bastante complexa. Os indígenas estão habituados a ficar nas ruas, para a cultura deles é muito difícil ficar isolado. Estamos fazendo um trabalho de conscientização” afirma Maritza Farano, assessora jurídica do Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste, organização ligada à Arquidiocese.
Dentre os infectados, pelo menos uma pessoa tem um quadro mais severo: uma indígena grávida de sete meses está entubada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Maternidade Frei Damião desde domingo (3).
Os refugiados infectados foram isolados no o Centro de Atividades e Lazer Padre Juarez Benício Gramame, espaço gerido pelo governo do estado. Eles receberão alimentação fornecida pelo Hospital Padre Zé, que tem parceria com o governo da Paraíba para fornecer refeições. Equipes de saúde da prefeitura de João Pessoa estão monitorando a evolução da doença.
Os demais refugiados indígenas serão realocados em casas na capital, segundo informou o procurador da República José Godoy, do Ministério Público Federal.
Folha PE