Com novo corte, Copom reduz taxa básica de juros a 2,25% ao ano
Com a piora do cenário econômica em meio a pandemia da Covid-19, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (17), reduzir mais uma vez a taxa básica de juros. Com o oitavo corte consecutivo, a Selic atinge nova mínima histórica, passando de 3% ao ano para 2,25% ao ano.
O novo corte dá continuidade ao movimento de redução do juros o Brasil iniciado em julho de 2019, quando a taxa passou de 6,5% para 6%. Diante das expectativas de forte queda no desempenho da atividade econômica, a intenção do BC com juros baixos é uma tentativa de estimular a recuperação da economia, mas cujos resultados terão impacto principalmente a partir de 2021.
“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021”, informou o Copom em comunicado à imprensa.
Enquanto os economistas do mercado financeiro estimam queda de 6,51% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, o Banco Mundial já espera tombo de 8%. A projeção da equipe econômica ainda está em contração de 4,7%.
Porém, o Comitê parece que enxerga essas reduções como quase suficientes. Segundo o comunicado, o “Copom considera que a magnitude do estímulo monetário já implementado parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da Covid-19”.
O comunicado ainda completa que, para as próximas reuniões, “o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual.”
Enquanto os economistas do mercado financeiro estimam queda de 6,51% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, o Banco Mundial já espera tombo de 8%. A projeção da equipe econômica ainda está em contração de 4,7%.
A Selic serve como base para o cálculo dos juros das diferentes modalidades de crédito oferecidas pelos bancos e demais instituições financeiras do país. Com o novo valor a tendência é de que o Brasil entre em um cenário com juros reais negativos, como Japão, Indonésia, Argentina Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido.
A cada 45 dias o Copom se reúne para definir a Selic, sempre em direção do cumprimento da meta de inflação, que é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A próxima reunião do comitê, no entanto, será somente nos dias 4 e 5 de agosto.
Inflação
A taxa Selic é a principal ferramenta do BC para controle da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, o Copom alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 2,3% para 2%.
O valor é abaixo do piso da meta, que, neste ano, tem centro em 4%, com tolerância 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, podendo variar de 2,5% a 5,5%.
Para o Copom, se o nível de ociosidade do país pode levar a inflação a ficar ainda mais baixa do que o esperado. “Esse risco se intensifica caso a pandemia se prolongue e provoque aumentos de incerteza e de poupança precaucional e, consequentemente, uma redução da demanda agregada com magnitude ou duração ainda maiores do que as estimadas”.
Por outro lado, uma elevação nos prêmios de risco e os programas de estímulos creditícios e de recomposição de renda podem gerar uma perda menor do que a estimada na demanda agregada e resultar em uma inflação acima do projetado.
No início desta semana, o relatório semanal do BC Boletim Focus, que reúne as expectativas do mercado financeiro para os principais indicadores macroeconômicos, trouxe a expectativa de uma Selic a 2,25% até o fim de 2020 e uma inflação de 1,60%.