Joseph Lambert é declarado presidente interino do Haiti pelo Senado; país pede que EUA e ONU enviem tropas
O Senado do Haiti declarou nesta sexta-feira (9) que seu presidente, Joseph Lambert, irá ocupar a presidência interina do país, após o assassinato do presidente Jovenel Moise, na quarta-feira. Seu nome foi apontado após uma votação vencida por maioria entre os presentes.
Até então, o cargo estava sendo exercido provisoriamente pelo primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph.
Há controvérsias sobre quem deve comandar o país após a morte de Moise, já que Joseph não chegou a ser oficializado no cargo de primeiro-ministro, e por isso ocupa o posto interinamente, e o presidente da Suprema Corte, que poderia assumir a Presidência, segundo a Constituição, morreu de Covid-19 no mês passado e ainda não foi substituído (leia mais sobre a sucessão abaixo).
Ajuda da ONU e dos EUA
Também nesta sexta-feira, o Haiti pediu aos Estados Unidos e à ONU que enviem tropas para proteger seus portos, aeroporto e outros locais estratégicos, afirmou um ministro do governo haitiano, segundo a agência France Presse.
Depois do assassinato de Moise, “pensamos que os mercenários [acusados do crime] poderiam destruir alguma infraestrutura para criar caos no país. Durante uma conversa com o secretário de Estado dos Estados Unidos e a ONU fizemos esta solicitação”, disse à AFP Mathias Pierre, ministro das Eleições.
Controle do país
Jovenel Moise dissolveu o Parlamento e governava por decreto há mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.
Ele dizia que ficaria no cargo até 7 de fevereiro de 2022, em uma interpretação da Constituição rejeitada pela oposição. Para eles, o mandato do presidente havia terminado em 7 de fevereiro deste ano.
A disputa sobre o fim do mandato era consequência da primeira eleição de Moise. Ele foi eleito em outubro de 2015 para um mandato de cinco anos, em um pleito cancelado por fraudes, venceu uma nova disputa no ano seguinte e tomou posse apenas em 2017.
Moise foi eleito com 600 mil votos em um país com 11,3 milhões de habitantes. Pouco conhecido antes das eleições, ele conseguiu vencer com o apoio do ex-presidente Michel Martelly.
Eleições legislativas e municipais estavam agendadas para ocorrer neste ano, mas foram adiadas para 2022. Com o vácuo de poder, Moise manteve a posição de continuar no cargo por mais um ano, apesar das críticas da oposição.
Acusados pelo assassinato
O diretor da Polícia Nacional do Haiti disse na quinta-feira que ao menos 28 pessoas participaram do assassinato a tiros do presidente. Desses, dois seriam cidadãos dos Estados Unidos com origem haitiana e 26 têm cidadania na Colômbia.
Durante o ataque, a primeira-dama haitiana, Martine, ficou gravemente ferida, mas sobreviveu e foi levada aos Estados Unidos, onde está hospitalizada em estado estável.
A agência France Presse, citando o diretor de polícia, diz que das 28 pessoas envolvidas no crime, oito estão foragidas. Os outros 20 suspeitos estão presos ou já foram detidos pelas autoridades — não há muitos detalhes sobre essas prisões.
Autoridades disseram que a polícia e o exército cercaram o grupo desde quarta e conseguiram prendê-los após intensa troca de tiros. Ao todo, sete pessoas considerada suspeitas no complô e no assassinato foram mortas.
G1