Paraíba tem a quarta menor ocupação de leitos de UTI para tratamento contra covid-19 no Brasil
A Paraíba tem a quarta menor ocupação de leitos de UTI para tratamento contra a Covid-19 no Brasil, de acordo com dados da edição extra do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, publicada ontem (22). O boletim reforça a tendência de queda no indicador de ocupação de leitos de Covid-19 para adultos. Com exceção de Espírito Santo e Distrito Federal, onde foi constatado crescimento, entre 13 e 20 de agosto, o indicador continua apresentando sinais de queda ou estabilização no país. De acordo com dados obtidos em 20 de setembro, nenhum estado está na zona crítica, com taxa superior a 80%.
O Amazonas apresentou aumento no indicador de 29% para 50%, mas permanece fora da zona de alerta: esse crescimento está relacionado a uma redução no número de leitos disponíveis. O Distrito Federal também apresentou aumento no indicador de 55% para 66%, que pode ser explicado pelo gerenciamento de leitos nesta unidade federativa.
“O Espírito Santo e o Distrito Federal estão na zona de alerta intermediário, com taxas, respectivamente de 65% e 66%. Os demais estados estão fora da zona de alerta. A redução paulatina de leitos continua sendo observada, e, na última semana, foram registradas quedas nos leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS no Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito federal”, informam os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim.
Entre as capitais, observou-se melhora do indicador em Boa Vista (76% para 58%), município que detém os únicos leitos de UTI Covid-19 públicos de Roraima, e em Curitiba (64% para 58%), que deixaram a zona de alerta, assim como na cidade do Rio de Janeiro (82% para 75%), que saiu da zona de alerta crítico para a de alerta intermediário. Por outro lado, houve piora expressiva em Vitória (55% para 65%).
“Conforme temos repetido, apesar da melhoria dos indicadores, ainda é necessário tanto cautela, mantendo-se o uso de máscaras e algumas medidas de distanciamento físico, como acelerar e ampliar a vacinação entre adultos que não se vacinaram ou não completaram o esquema vacinal, entre idosos que requerem a terceira dose e entre adolescentes. Neste contexto, o passaporte vacinal é uma política de proteção coletiva e estímulo à vacinação”, ressaltam.
Os pesquisadores alertam que, após a fase aguda da pandemia, é preciso que o país se prepare para o enfrentamento da Covid-19 a médio e longo prazo. O que envolve tanto considerar o passivo assistencial durante a pandemia, que é de elevada magnitude e exige do sistema de saúde se organizar para dar respostas eficientes, como também a continuidade do uso de máscaras e de certas medidas de distanciamento físico frente à perspectiva de se conviver com a Covid-19 como uma doença endêmica por um longo período.
Registros
Os pesquisadores do Observatório chamam atenção também para o aumento abrupto, verificado na Semana Epidemiológica 37 (12 a 18 de setembro), no número de casos de Covid-19 notificados no sistema e-SUS, resultado da inclusão de registros que estavam retidos, o que afetou principalmente os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. “Entretanto, apesar desses dados novos terem contribuído para o aumento da média nacional de casos, não podem ser considerados como uma reversão de tendência de queda na pandemia”, ressaltam os pesquisadores.
Essa mudança repentina contribuiu para o aumento da média nacional de infectados, mas não representa uma reversão da tendência de melhora nos índices da pandemia. A análise compreende os dias entre 12 a 18 de setembro, a Semana Epidemiológica (SE) 37.
“Esse episódio serve como alerta para questões importantes relacionadas ao fluxo e oportunidade dos dados e suas consequências para a tomada de decisão. O atraso na inclusão dos registros relacionados às semanas anteriores contribuiu para uma subestimação dos indicadores de transmissão da doença e de casos, principalmente nesses estados, tendo como um dos resultados possíveis a flexibilização de medidas de flexibilização sem respaldo em dados”, observam os pesquisadores.
Apesar deste episódio, os valores computados de outros indicadores da pandemia, empregados pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz, mostram que se mantêm em queda os indicadores relacionados à transmissão, como a positividade de testes, a incidência de SRAG, a mortalidade e a ocupação de leitos de UTI.
O estudo ressalta que o real impacto da doença foi subestimado, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, porque o volume de casos deveria ter sido computado em semanas anteriores e medidas de flexibilização foram adotadas sem respaldo estatístico. O país perdeu a oportunidade de identificar locais e grupos de risco. A confirmação de casos suspeitos e o rastreamento de contatos foram também impactados.
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