França vai estatizar totalmente a empresa de energia EDF
A França vai nacionalizar completamente a empresa EDF, de energia, disse a primeira-ministra do país, Elisabeth Borne, nesta quarta-feira (6).
A empresa precisa reestruturar suas dívidas justamente em um momento em que diversos países da Europa atravessam uma crise energética.
A opção de nacionalizar totalmente a EDF foi sinalizada pelo presidente Emmanuel Macron no início deste ano. Borne, a primeira-ministra, não especificou se a nacionalização será feita por meio de legislação especial ou por meio de licitação pública para compra de acionistas minoritários e não forneceu prazo.
O Estado francês já controlava a EDF, com 84% das ações a empresa.
“Posso confirmar hoje que o Estado pretende controlar 100% do capital da EDF”, disse Borne em um discurso para a Câmara dos Deputados.
Em preços correntes, o custo para adquirir as ações é de cerca de 5 bilhões de euro (R$ 27,6 bilhões).
Motivos estratégicos
Segundo a primeira-ministra, a ideia é garantir a soberania francesa durante a guerra na Ucrânia e dos desafios que se aproximam.
Essa é uma das maiores empresas de serviços públicos da Europa. Além disso, o funcionamento da EDF é central para a estratégia de energia nuclear da França —é a aposta do país para suavizar o impacto do aumento dos preços de geração e a perspectiva de uma interrupção do fornecimento de gás russo.
O problema é que as novas usinas nucleares atrasaram, e os custos aumentaram.
A EDF enfrentou diversos problemas neste ano. Metade dos reatores na França estão desconectados do sistema, em parte por causa de problemas técnicos ligados à corrosão.
A geração de energia nuclear teve que ser cortada diversas vezes.
A empresa também foi afetada por decisões que a obrigaram a vender energia às rivais a um preço com desconto (o governo tenta evitar uma alta da inflação).
O problema é que a EDF precisou recomprar energia, e os preços estão altos.
A empresa diz que as perdas de produção reduzirão seu lucro em 18,5 bilhões de euros (R$ 102 bilhões). Sua dívida deve aumentar em 40% neste ano.
G1