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Roberto Carlos foi um dos últimos a falar com seu ‘irmão camarada’: ‘Minha dor é muito grande’

roberto-carlos-erasmo-carlos-morte-599x400 Roberto Carlos foi um dos últimos a falar com seu 'irmão camarada': 'Minha dor é muito grande'

Na manhã desta terça (22), pouco antes de o Tremendão morrer, Fernanda Passos, mulher de Erasmo, ligou para o rei e disse que o amigo estava perto do fim. Roberto, então, pediu que ele pusesse o telefone perto do ouvido e falou algumas palavras. Pouco tempo depois, veio a triste notícia.

Mais tarde, Roberto Carlos gravou uma mensagem de áudio, a pedido do Jornal Nacional, em que falou sobre a dor de perder Erasmo.

“Minha dor é muito grande. Nem sei como dizer tudo o que eu penso desse meu amigo, desse meu amigo querido, meu grande irmão, meu ídolo… Por tudo, pela sua lealdade, sua inteligência, sua bondade, por tudo o que eu conheço dele. Um ser humano maravilhoso esse meu irmão. É um privilégio pra mim ter um amigo assim, um irmão, por todos esses anos”, disse Roberto.
Roberto continuou: “Difícil encontrar palavras pra falar desse cara… Esse cara, o meu amigo Erasmo Carlos. Ele viverá sempre no meu coração. Que nosso Deus de bondade o proteja e o abençoe sempre. Amém, amém, amém”.

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Morte

O Tremendão, como era chamado, deixa a esposa, Fernanda Passos, e dois filhos, Gil e Leonardo — o terceiro, Carlos Alexandre, morreu em acidente de moto em 2014. O velório será fechado para o público, restrito a familiares e amigos.

Um dos pioneiros do rock e símbolo da Jovem Guarda, o artista passou os últimos momentos ao lado da mulher, Fernanda Passos, no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio.

Em meados de outubro, enfrentou uma síndrome edemigênica, que causa acúmulo de líquido nos tecidos do corpo, provocando edemas, inchaços. A síndrome é consequência de problemas em órgãos como fígado, rins e coração.

No último dia 2, o artista comemorou a alta após duas semanas de internação, mas o estado de saúde se agravou, ele voltou no mesmo dia para o hospital e precisou ser intubado.

O cantor morreu no fim da manhã. À noite, a família divulgou uma nota informando que Erasmo teve um quadro de paniculite agravado por sepse de origem cutânea. A paniculite é a inflamação da camada de gordura que fica abaixo da pele e, no caso dele, agravada por uma infecção generalizada.

A mulher postou uma despedida emocionada:

“Você é lar, você acolhe, você enxerga, você crê. Perdi a capacidade de me lembrar de como era a vida sem você, talvez ela nem tenha existido… e talvez tenha sido tão simples esquecer porque a gente se acostuma facilmente com a paz. Não foi de primeira, você brigou muito para mostrar, mas por fim encontrei a paz em você”, postou a mulher de Erasmo, Fernanda Passos.

Mais de 600 músicas

Autor de mais de 600 músicas e de clássicos como “Sentado à Beira do Caminho”, “Minha Fama de Mau”, “Mulher”, “Quero que tudo vá para o inferno”, “Mesmo que seja eu” e “É proibido fumar”, o artista deixa uma legião de fãs e amigos que fez pela estrada.

Foi na Tijuca onde nasceu Erasmo Esteves, em 5 de junho de 1941. Grandes nomes da MPB participaram da infância do cantor, no bairro da Zona Norte do Rio, como Tim Maia e Jorge Ben Jor.

Na adolescência, gostava de se reunir com a turma no Bar do Divino, na Rua do Matoso. Foi nessa época em que ele conheceu Roberto Carlos, durante um concerto de Bill Haley no Maracanãzinho – o que teria aberto os olhos do carioca para começar seu próprio grupo.

Assim, antes da carreira solo, o artista passou por outros grupos musicais, como os Snakes, ao lado de outros tijucanos, mas que durou só até 1961. Sem acreditar que conseguiria seguir sozinho na música, ele decidiu, então, trabalhar como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial, que o ajudou a dar o próximo passo, rumo a outro grupo musical.

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Mais tarde, ele se tornou, então, vocalista do grupo Renato & Seus Blue Caps. Erasmo garantiu a contratação do conjunto por uma gravadora e fez sucesso em uma faixa ao lado de Roberto Carlos, marcando o início da parceria entre os dois. Erasmo compôs mais de 500 canções com o amigo.

“Erasmo Carlos”, portanto, não passava de um nome artístico em homenagem aos parceiros que estiveram com ele no início da carreira: Roberto Carlos e Carlos Imperial. Outros apelidos lhe acompanharam: Tremendão e Gigante Gentil.

Poucos anos depois, ainda nos anos 1960, a dupla Roberto e Erasmo já se destacava como uns dos principais compositores da Jovem Guarda ao som do iê-iê-iê. Sob influência do pop britânico dos Beatles, o carioca se mudou para São Paulo e, com o passar dos discos, Erasmo se tornava ícone da bossa e da MPB.

Não muito tempo longe de casa, ele voltou a morar no Rio de Janeiro após gravar “Aquarela do Brasil”, em 1969. Em 1985, Erasmo esteve na primeira edição do Rock in Rio, nas plateias lamacentas.

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Ainda em 2001, o cantor lançava seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”, quando completou 60 anos. No ano seguinte, Erasmo reunia já 40 anos de carreira. Na comemoração dos 50 anos de estrada, a festa foi no Theatro Municipal do Rio.

Ao longo dos anos, grandes nomes se juntaram ao artista, como Chico Buarque, Lulu Santos, Zeca Pagodinho, Skank, Los Hermanos, Djavan, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte, Frejat, Marisa e Milton Nascimento.

Em seu último aniversário, o Tremendão usou as redes sociais para fazer um post autobiográfico.

“Sou o resultado das minhas realizações…gols e bolas na trave fazem parte do jogo já que a vida é curta e minha vontade é eterna…sou o que pude e o que tentei ser plenitude…quis ser muitos e sobrou um quando dispensei meia-dúzia dos que não me souberam ser…contagiado pelo bem tornei-me um guerreiro da paz…o meu canto será ouvido assim como o som dos ventos, enquanto o sol brilhar e as lembranças resistirem…dei passos vendados em caminhos movediços para ser merecedor de um lugar no pódio do amor !!! FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MIM !!!”, postou.

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Jornal Nacional

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