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Congresso do Peru rejeita proposta de antecipação das eleições para 2023

101877085-demonstrators-hold-a-protest-against-the-government-of-peruvian-president-dina-boluarte-an-599x400 Congresso do Peru rejeita proposta de antecipação das eleições para 2023

A votação foi concluída na madrugada de sábado, e o plano recebeu 65 votos contra e 45 a favor — ainda ocorreram duas abstenções. (Foto: Reprodução)

O Congresso peruano rejeitou uma proposta da presidente Dina Boluarte para antecipar para outubro as eleições gerais no país, um plano que era visto como uma maneira de encerrar os violentos protestos contra seu governo, que já deixaram 56 mortos.

A votação foi concluída na madrugada de sábado, e o plano recebeu 65 votos contra e 45 a favor — ainda ocorreram duas abstenções.

— Com esta votação está rejeitada a proposta de reforma constitucional para a antecipação das eleições — anunciou o presidente do Congresso, José Williams.

Pela proposta, apresentada na quinta-feira, a votação aconteceria em outubro de 2023, em data a ser definida, e serviria para escolher um novo ou nova presidente e integrantes do Congresso e do Parlamento Andino. Os mandatos atuais de todos seriam abreviados, e terminaram no final de dezembro, com os novos ocupantes dos cargos empossados no dia 1º de janeiro de 2024.

Apesar da derrota do plano, grupos fujimoristas, ligados ao ex-presidente Alberto Fujimori e sua filha, Keijo Fujimori, apresentaram uma proposta de reconsideração da votação, a ser feita na segunda-feira, mas que tem poucas chances de prosperar.

Horas depois do resultado, Dina Boluarte disse “lamentar” a decisão do Congresso.

“Pedimos às bancadas que deixem de lado seus interesses partidários e de grupos e priorizem os interesses do Peru”, escreveu Boluarte, no Twitter. “Nossas cidadãs e cidadãos esperam prontamente uma resposta clara que permita alcançar uma saída à crise política e que permita construir a paz social.”

Protestos sem fim

O resultado no Congresso foi mais um revés para Dina Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição do presidente Pedro Castillo, após uma fracassada tentativa de golpe que levou ao seu impeachment e posterior prisão. Desde então, o país vive uma onda de protestos liderados por defensores de Castillo, e que pedem, além de novas eleições, a saída imediata de Boluarte, acusada de ser a responsável pela violenta repressão que deixou 56 mortos até agora.

Para a presidente, a antecipação das eleições, que já haviam sido transferidas para abril de 2024, dois anos antes do previsto, seria uma forma de acalmar os ânimos no país. Afinal, os líderes dos protestos exigem a saída imediata de Boluarte.

— Não podemos esperar. Tem que ser logo — disse à AFP a professora Sandra Zorela, 53 anos, moradora de Cusco, uma das cidades mais visitadas do Peru e que está praticamente fechada. Novos protestos estão programados para Lima nos próximos dias.

Além dos protestos, o governo está preocupado com o bloqueio de estradas, que está causando problemas na distribuição de combustível, gás e alimentos, especialmente em áreas do Sul do Peru, ponto central dos protestos.

— Não há gás, nem gasolina. Nos armazéns só se consegue mantimentos não perecíveis e todas as coisas estão muito caras, até o triplo do normal — disse à AFP Guillermo Sandino, morador de Ica.

Na quinta-feira, os ministérios da Defesa e Interior anunciaram que as forças de segurança vão atuar para desbloquear as rodovias, e algumas delas, incluindo no Sul, já começaram a ser liberadas.

O Globo

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