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Cabaceiras, a ‘Roliúde Nordestina’, volta a ser destaque na imprensa nacional

cabaceiras Cabaceiras, a ‘Roliúde Nordestina’, volta a ser destaque na imprensa nacionalAs desventuras dos irmãos Dinorah, Dilvânia e Ubaldo Vaqueiro têm tirado o fôlego de expectadores da série “Cangaço novo” no Brasil e no mundo. A trama da série do Prime Video, da Amazon, se passa na fictícia Cratará, no sertão do Ceará. Mas o que se vê nas telas, na verdade, são paisagens nos estados vizinhos Paraíba e Rio Grande do Norte. E, entre as cidades usadas nas gravações, um deles se destaca: Cabaceiras. Ou a “Roliúde nordestina”, como também é conhecida por ter sido locação de diversas produções do cinema e da TV.

O apelido se justifica, lembra esta matéria publicada em O Globo. Desde os anos 1930, Cabaceiras atrai a atenção de diretores de cinema e televisão atrás de uma locação com o cenário típico da Caatinga nordestina. Por conta de suas paisagens áridas e seu clima e com pouquíssima chuva ao longo do ano (o que permite muitos dias de gravações sem interrupções por mau tempo), essa cidade se consolidou como um verdadeiro set de filmagem ao ar livre. Antes de “Cangaço novo”, outras produções de peso passaram por lá, como os filmes “O auto da compadecida” (2000), “Cinema, aspirinas e urubus” (2005), “A pedra do reino” (2007), “Entre irmãs” (2017), a série “Onde nascem os fortes” (2018) e a novela “Cordel encantado” (2011).

Essa tradição artística está marcada no principal cartão-postal de Cabaceiras. Em pleno Cariri Paraibano, os visitantes encontram, logo na entrada na cidade um letreiro inspirado no da Hollywood norte-americana. Já no centro, um casarão histórico foi transformado no Memorial Cinematográfico, um museu que conta a história de gravações na região. Ele fica ao lado da Igreja da Matriz, provavelmente a construção mais reconhecível de todas, presente em cenas marcantes, por exemplo, de “O auto da compadecida”.

A adaptação de Guel Arraes para a clássica peça de Ariano Suassuna, que imortalizou Selton Mello e Matheus Nachtergaele nos papéis de Chicó e João Grilo, respectivamente, é a responsável por colocar de vez a cidade no mapa turístico brasileiro. O sucesso da produção, que foi inicialmente para TV, como uma minissérie, e depois chegou aos cinemas, atrai até hoje boa parte dos turistas que chegam à cidade, que está 70 quilômetros distante de Campina Grande e a cerca de 190 quilômetros da capital, João Pessoa.

Não faltam passeios guiados por casas e pontos da cidade que serviram de locação para “O auto”, seja no centro histórico ou na zona rural, como a “casinha da cachorra” (que aparece na icônica cena do enterro da cachorra), preservada no terreno do Hotel Fazenda Rancho da Ema, uma das poucas opções de hospedagem da cidade. Também sobram histórias de moradores que estiverem presentes nas filmagens como figurantes ou prestando serviços de apoio. Aliás, a comunidade local, formada por cerca de seis mil habitantes, costuma participar de todas as produções na cidade, e por isso haja, atualmente, uma grande expectativa para que “O auto da compadecida 2” volte a ter cenas gravadas em Cabaceiras.

Para além do cinema e da TV, quem visita Cabaceiras deve se dedicar a explorar um pouco mais de sua cultura, que passa necessariamente pelo bode. O animal é tão importante que ganhou até mesmo uma estátua no centro da cidade. Vem dele o couro tão bem trabalhado na região, que vira peças de vestuário, acessórios e artigos de decoração vendidos em lojas. E a carne, aproveitada de todos as maneiras na culinária local. O animal tem papel tão central na vida da cidade que o principal evento local é a Festa do Bode Rei, que costuma durar três dias durante o mês de junho.

Se o jeito de cidade cenográfica do centro de Cabaceiras encanta os turistas, é no interior que está a atração mais deslumbrante. Ainda que nunca tivesse aparecido em qualquer filme, série ou novela, o Lajedo do Pai Mateus já mereceria a visita. Trata-se de um conjunto de pedras enormes e arredondas, esculpidas pelo vento por milhões de anos, que forma uma espécie de galeria de esculturas naturais a céu aberto. Quem assistiu a “Cangaço Novo” irá reconhecer o lugar, cenário para algumas das cenas mais marcantes da série.

O do Pai Mateus é apenas uma das paradas da Rota dos Lajedos de Cabaceiras. A cidade é ponto de partida para outros cenários que combinam formações rochosas e a vegetação da Caatinga, como o Lajedo da Gangorra, o Lajedo Salambaia (famoso por buracos na rocha que formam pequenas lagoas) o Lajedo Manuel de Souza (com pinturas rupestres pré-históricas). Vale a pena explorar também a Petra da Pata (com uma bela vista panorâmica para a região), a Muralha do Cariri (uma elevação rochosa de cem metros de comprimento e três de altura) e a Saca de Lã, um conjunto de rochas retangulares que formam uma intrigante pirâmide.

Outras locações

Cabaceiras é o cenário mais famoso da produção, mas não o único. A produção usou cenários dos municípios vizinhos de Campina Grande, Pocinhos, Puxinanã, Queimadas, São João do Cariri, Boa Vista e Boqueirão. Importantes cenas de assalto a banco em centros urbanos de maior porte, por exemplo, foram gravadas em Campina Grande e Queimadas – esta última aparece vista de cima, numa cena em que os bandidos planejam sua ação.

Na pequena Pocinhos, uma estação de trem abandonada virou locação para uma despretensiosa cena em que os assaltantes se reúnem para jogar bola e praticar tiro ao alvo. Já Puxinanã surge como sede do abatedouro da família Leite, usando a instalação de um abatedouro real.

Há cenas gravadas também no litoral paraibano, mais precisamente nas falésias da Praia de Coqueirinho, em Conde, perto de João Pessoa. Outras cidades paraibanas por onde a produção passou foram São João do Cariri, Boa Vista e Boqueirão.

A Cratará da série propriamente dita fica no interior do Rio Grande do Norte. Cenas que mostram o centrinho da cidade foram gravadas em Carnaúba dos Dantas e Parelhas, dois municípios na região do Seridó, na divisa com a Paraíba.

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